NOSSA HISTÓRIA

NOSSA HISTÓRIA

Grupo Espírita Mensageiros da Luz

CNPJ 13.117.936/0001-49

Fundada em 18 de junho de 1985 . Nossas atividades se iniciaram na sede do Clube Cultural dos Violeiros de Gravataí onde fomos recebidos com muito carinho e respeito. Ali desenvolvemos os trabalhos de estudo doutrinário e formação de grupos de trabalhos. Procedente do Grupo Espirita Nosso lar em Gravataí, onde participei por 4 anos como voluntário e palestrante, eu, Carlos Eduardo Muller, resolvi fundar nossa casa espírita no Parque dos Anjos . Foi uma tarefa executada com muita alegria e acompanhada de pessoas interessadas em desenvolver um grupo de estudos para que posteriormente a casa prestasse atendimento ao público. Nosso grupo contou inicialmente com a irmã Bernadete Antunes, irmã Kátia Pisoni, irmã Maria Guiomar, irmã Ieda R. Rosa, irmã Elisabete, irmão Miguel Cardoso, irmão Everton da Silva Cardoso, irmã Eni, e dirigindo as atividades eu, Carlos Eduardo Muller. Foram 13 anos de muito aprendizado neste local, e nenhuma dificuldade nos impediu de impulsionar cada vez mais a Doutrina Espírita, pois somente através de muito esforço conseguiríamos atingir nosso objetivo: Ter uma casa Espírita com irmãos preparados espiritualmente e conhecedores da doutrina ditada pelos espíritos a Allan Kardec. Só o fato de manter um grupo em plena atividade ja era uma vitória. Todos sabíamos das responsabilidades em conduzir um trabalho 100% filantrópico. Como em todas as casas espíritas, tambem a nossa sofria e sofre com a rotatividade de colaboradores, fato compreendido por todos nós espíritas. Foram muitos os colaborabores que passaram e contribuiram de alguma forma para o crescimento do grupo. Por opção, alguns foram em busca de outros grupos e outros não conseguiram acompanhar as atividades pelo tamanho da responsabilidade que nos é dada.

Neste período criamos o programa " UM DIA SÓ PRA MIM " normalmente promovido a cada ano. São encontros promovidos com intuito de reunir pessoas da comunidade e outros grupos espíritas durante um dia inteiro com palestras variadas e trocas de informações e sugestões pelos participantes. Neste dia todos se manifestam de alguma forma no sentido de fortalecer os laços que nos unem. O primeiro encontro foi realizado na casa da irmã Eni onde tivemos a participação de aproximadamente 60 pessoas da comunidade e outros grupos. A partir deste, passamos a executar o programa anualmente. Dentre os palestrantes que nos auxiliaram nestes encontros tivemos Nazareno Feitosa procedente de Brasília DF, que aproveitando nosso evento tambem promoveu palestras em casas espíritas de Porto Alegre . Tambem contamos com a participação do dr. José Carlos Pereira Jotz que nos brindou com esposições tendo como tema medicina e saúde .

Em 1998 surgiu a oportunidade de mudança de endereço. Foi só a partir deste ano que conseguimos então organizar melhor as atividades do grupo. Foi uma experiência valiosa. Promovemos a partir de então campanhas de arrecadação de roupas e alimentos para irmãos em dificuldades e quando possível fazíamos o Sopão Comunitário para famílias mais nescessitadas.

Mas foi somente em 31 de julho de 2007 que o Grupo Espírita Mensageiros da Luz foi definitivamente registrado , tendo então uma diretoria formada e um estatuto social . Nesta data em assembléia realizada com a participação de 30 pessoas foi dado posse após votação unânime a diretoria da Sociedade Espírita Mensageiros da Luz, tendo como Presidente a irmã Maira Kubaski de Arruda e como vice Carlos Eduardo Muller. Participaram desta Assembléia , votaram e foram considerados oficialmente Sócios Fundadores as seguintes pessoas: Alexandre Fabichak Junior, Iliani Fátima Weber Guerreiro, Maira Kubaski de Arruda, Alex Sander Albani da Silva, Alexsandra Siqueira da Rosa Silva, Xenia Espíndola de Freitas, Terezinha Richter, Valéria Correia Maciel, Richeri Souza, Carla Cristina de Souza, Miriam de Moura, Maria Guiomar Narciso, Neusa Marília Duarte, Elisabete Martins Fernandes, Leandro Siqueira, Paulo dos Santos, Carlos Eduardo Muller, Camila Guerreiro Bazotti , Sislaine Guerreiro de Jesus, Luiz Leandro Nascimento Demicol, Vera Lucia de Oliveira Nunes, Ieda Rocha da Rosa, Marlon Esteves Bartolomeu, Ricardo Antonio Vicente, Miguel Barbosa Cardoso, Everton da Silva Cardoso, Maria Celenita Duarte, Vera Regina da Silva, Rosangela Cristina Vicente, e Bernadete Antunes. Todos os atos foram devidamente registrados em cartório e constam no livro ata de fundação, sob o número 54822 do livro A-4 com endossamento jurídico do Dr. Carlos Frederico Basile da Silva, advogado inscrito na OAB/RS 39.851.

Durante os meses de maio e junho de 2011 nossa casa promoveu com apoio da Federação Espirita do Rio Grande do Sul e da Ume, um curso de desenvolvimento Mediúnico ministrado as quintas feiras das 19 as 21 horas. Tivemos em média 40 participantes por tema ministrado com a inclusão de mais 4 casas espíritas de Gravataí , alem dos trabalhadores da nossa casa, fortalecendo desta forma os laços de amizade, assim como , o aperfeiçoamento de dirigentes e o corpo mediúnico das Casas Espíritas.

Hoje, nossa Casa Espírita assume uma responsabilidade maior e conta com grupo de estudos, atendimentos de passes isolado e socorro espiritual, magnetismo, atendimento fraterno , evangelização infantil, palestras, Cirurgias Espirituais (sem incisões), prateleira comunitária (arrecadação de alimentos e roupas para famílias carentes),, bem como leva ao público em geral informações valiosas através do nosso blog:
www.carlosaconselhamento.blogspot.com

Departamentos

DIJ - Depto da Infância e Juventude
DAFA- Depto da Família
DEDO - Depto Doutrinário
DECOM- Depto de Comunicação Espírita
DAPSE - Depto de Assistência Social Espírita
DP -Departamento Patrimonial



QUEM SOU EU E O QUE APRENDÍ

QUEM SOU EU E O QUE APRENDI
Alguem que busca conquistar a confiança no ser humano para poder acreditar que o mundo pode ser melhor.Aprendi que, por pior que seja um problema ou uma situação, sempre existe uma saída.Aprendi que é bobagem fugir das dificuldades.Mais cedo ou mais tarde,será preciso tirar as pedras do caminho para conseguir avançar.Aprendi que, perdemos tempo nos preocupando com fatos que muitas vezes só existem na nossa mente.Aprendi que, é necessário um dia de chuva,para darmos valor ao Sol. Mas se ficarmos expostos muito tempo, o Sol queima. Aprendi que , heróis não são aqueles que realizaram obras notáveis. Mas os que fizeram o que foi necessário ,assumiram as consequências dos seus atos. Aprendi que, não vale a pena se tornar indiferente ao mundo e às pessoas.Vale menos a pena, ainda,fazer coisas para conquistar migalhas de atenção. Aprendi que, não importa em quantos pedaços meu coração já foi partido.O mundo nunca parou para que eu pudesse consertá-lo. Aprendi que, ao invés de ficar esperando alguém me trazer flores,é melhor plantar um jardim.Aprendi que, amar não significa transferir aos outros a responsabilidade de me fazer feliz.Cabe a mim a tarefa de apostar nos meus talentos e realizar os meus sonhos. Aprendi que, o que faz diferença não é o que tenho na vida, mas QUEM eu tenho.E que, boa família são os amigos que escolhi.Aprendi que, as pessoas mais queridas podem às vezes me ferir.E talvez não me amem tanto quanto eu gostaria,o que não significa que não me amem muito,talvez seja o Maximo que conseguem.Isso é o mais importante. Aprendi que, toda mudança inicia um ciclo de construção,se você não esquecer de deixar a porta aberta. Aprendi que o tempo é muito precioso e não volta atrás.Por isso, não vale a pena resgatar o passado. O que vale a pena é construir o futuro.O meu futuro ainda está por vir.Foi então que aprendi que devemos descruzar os braços e vencer o medo de partir em busca dos nossos sonhos.



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Doutrina Espírita

Doutrina Espírita

quinta-feira, 2 de julho de 2009

CARATER E CONSEQUENCIAS RELIGIOSAS DAS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS

1. As almas ou Espíritos daqueles que viveram constituem o mundo invisível que povoa o espaço, e no meio do qual nós vivemos; disso resulta que, desde que há homens, há Espíritos, e que se estes últimos têm o poder de se manifestar, devem te-lo feito em todas as épocas. É o que constatam a história e as religiões de todos os povos. Entretanto, nestes últimos tempos, as manifestações dos Espíritos tomaram um grande desenvolvimento, e adquiriram um maior caráter de autenticidade, porque estava nos objetivos da Providência pôr um termo à praga da incredulidade e do materialismo, por provas evidentes, permitindo àqueles que deixaram a Terra virem atestar a sua existência, e nos revelar a sua situação feliz ou infeliz.

2. Vivendo o mundo visível no meio do mundo invisível, com o qual está em contato perpétuo, disso resulta que reagem incessantemente um sobre o outro. Essa reação é a fonte de uma multidão de fenômenos considerados sobrenaturais por falta de lhes conhecer a causa.

A ação do mundo invisível sobre o mundo visível, e reciprocamente, é uma das leis, uma das forças da Natureza necessária à harmonia universal, como a lei da atração; se ela viesse a cessar, a harmonia seria perturbada, como num mecanismo do qual uma engrenagem viesse a ser suprimida. Estando essa ação fundada sobre uma lei da Natureza, disso resulta que todos os fenômenos que ela produz nada têm de sobrenatural. Não pareceram tais senão porque não se lhes conhecia a causa; assim se deu com certos fenômenos da eletricidade, da luz, etc.

3. Todas as religiões têm por base a existência de Deus, e por objetivo o futuro do homem depois da morte. Esse futuro, que é para o homem de um interesse capital, está necessariamente ligado à existência do mundo invisível; também o conhecimento desse mundo foi feito, em todos os tempos, o objeto de suas pesquisas e de suas preocupações. Sua atenção, naturalmente, foi levada sobre os fenômenos tendentes a provarem a existência desse mundo, e deles não há, mais concludentes, do que a manifestação dos Espíritos, pelas quais os próprios habitantes do mundo revelam a sua existência; foi por isso que esses fenômenos se tornaram a base da maioria dos dogmas de todas as religiões.

4. Tendo o homem, instintivamente, a intuição de um poder superior, foi levado, em todos os tempos, a atribuir à ação direta desse poder os fenômenos cuja causa lhe era desconhecida, e que passavam, aos seus olhos, por prodígios e efeitos sobrenaturais. Essa tendência é considerada, por alguns incrédulos, como a conseqüência do amor do homem pelo maravilhoso, mas não procuram a fonte desse amor do maravilhoso; ela está muito simplesmente na intuição mal definida de uma ordem de coisas extracorpóreas. Com o progresso da ciência e o conhecimento das leis da Natureza, esses fenômenos, pouco a pouco, passaram do domínio do maravilhoso ao dos efeitos naturais, de tal sorte que o que parecia outrora sobrenatural não o é mais hoje, e que o que o é ainda hoje, não o será mais amanhã.

Dependendo os fenômenos da manifestação dos Espíritos, por sua própria natureza, forneceram um grande contingente aos fatos reputados maravilhosos; mas deveria vir um tempo em que a lei que os rege sendo conhecida, eles reentrariam, como os outros, na ordem dos fatos naturais. Esse tempo chegou, e o Espiritismo, fazendo conhecer essa lei, dá a chave da maioria das passagens incompreendidas das Escrituras sagradas deles fazendo alusão, e de fatos olhados como miraculosos.


Nesta cena do filme “Três Solteirões e um Bebê”, um garoto aparece ao fundo perto da janela, atrás da cortina. Alguns afirmam se tratar de um boneco (uma armação montada pelos produtores), os produtores dizem que não botaram o menino e não descartam a idéia de ser um fantasma de um menino que foi morto na casa onde foi filmado o filme.

5. O caráter do fato miraculoso é de ser insólito e excepcional; é uma derrogação às leis da Natureza; desde que um fenômeno se reproduz em condições idênticas, é que ele está submetido a uma lei, e não é miraculoso. Essa lei pode ser desconhecida, mas nem por isso ela existe menos; o tempo se encarrega de fazê-la conhecer.

O movimento do Sol, ou melhor, da Terra, parado por Josué seria um verdadeiro milagre, porque seria uma derrogação manifesta da lei que rege o movimento dos astros; mas se o fato pudesse se reproduzir nas condições dadas, é que estaria submetido a essa lei, e cessaria, por conseguinte, de ser miraculoso.

6. É erradamente que a Igreja se assuste em ver se restringir o círculo dos fatos miraculosos, porque Deus prova melhor a sua grandeza e o seu poder pelo admirável conjunto de suas leis, do que por algumas infrações a essas mesmas leis, e isso enquanto ela atribui ao demônio o poder de fazer prodígios, o que implicaria que o demônio, podendo interromper o curso das leis divinas, seria tão poderoso quanto Deus. Ousar dizer que o Espírito do mal pode suspender a ação das leis de Deus, é uma blasfêmia e um sacrilégio.

A religião, longe de perder a sua autoridade naquilo que fatos reputados miraculosos passem para a ordem dos fatos naturais, não pode com isso senão ganhar; primeiro, porque, se um fato é erradamente reputado miraculoso, é um erro, a religião não pode senão perder apoiando-se sobre um erro, se, sobretudo, ela se obstinasse em olhar como um milagre o que não o seria; em segundo lugar, quantas pessoas, não admitindo a possibilidade dos milagres, negam os fatos reputados miraculosos, e, por conseqüência, a religião que se apóia sobre esses fatos; se, ao contrário, a possibilidade desses fatos está demonstrada como conseqüência das leis naturais, não há mais lugar para recusá-los, não mais do que a religião que os proclama.

7. Os fatos constatados pela ciência, de maneira peremptória, não podem ser negados por nenhuma crença religiosa contrária. A religião não pode senão ganhar em autoridade, seguindo o progresso dos conhecimentos científicos, e perder em permanecer atrasada ou em protestar contra esses mesmos conhecimentos em nome dos dogmas, porque nenhum dogma poderia prevalecer contra as leis da Natureza, nem anulá-las; um dogma fundado sobre a negação de uma lei da Natureza não pode ser a expressão da verdade.

O Espiritismo, fundado sobre o conhecimento de leis incompreendidas até este dia, não vem destruir os fatos religiosos, mas sancioná-los, dando-lhes uma explicação racional; ele não vem destruir senão as falsas conseqüências que deles foram deduzidas, em conseqüência da ignorância dessas leis, ou de sua interpretação errônea.

8. A ignorância das leis da Natureza, levando o homem a procurar causas fantásticas para os fenômenos que não compreende, é a fonte das idéias supersticiosas, das quais algumas são devidas aos fenômenos espíritas mal compreendidos: o conhecimento das leis que regem esses fenômenos destrói essas idéias supersticiosas, conduzindo as coisas à realidade, e mostrando o limite do possível e do impossível.

§1º O PERISPÍRITO, PRINCÍPIO DAS MANIFESTAÇÕES.

9. Os Espíritos, como foi dito, têm um corpo fluídico ao qual se dá o nome de perispírito. A sua substância é haurida no fluido universal, ou cósmico, que o forma e o alimenta, como o ar forma e alimenta o corpo material do homem. O perispírito é mais ou menos etéreo segundo os mundos e segundo o grau de depuração do Espírito. Nos mundos dos Espíritos inferiores, a sua natureza é mais grosseira e mais se aproxima da matéria bruta.

10. Na encarnação, o Espírito conserva o seu perispírito: o corpo não é para ele senão um segundo envoltório mais grosseiro, mais resistente, apropriado às funções que deve cumprir, e do qual ele se despoja na morte.

O perispírito é o intermediário entre o Espírito e o corpo; é o órgão de transmissão de todas as sensações. Para aquelas que vêm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impressão; o perispírito a transmite, e o Espírito, o ser sensível e inteligente, a recebe; quando o ato parte da iniciativa do Espírito, pode-se dizer que o Espírito quer, que o perispírito transmite, e o corpo executa.

11. O perispírito, de nenhum modo, está encerrado nos limites do corpo, como numa caixa; pela sua natureza fluídica, ele é expansível; irradia ao redor e forma, em torno do corpo, uma atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem estender mais ou menos; de onde se segue que as pessoas que, de nenhum modo, não estão em contato corporal, podem estar pelo seu perispírito e se transmitir impressões, com o seu desconhecimento, alguma vezes mesmo a intuição de seus pensamentos.

12. Sendo o perispírito um dos elementos constitutivos do homem, desempenha um papel importante em todos os fenômenos psicológicos e, até um certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos. Quando as ciências médicas tiverem em conta a influência do elemento espiritual na economia, terão dado um grande passo, e horizontes inteiramente novos se abrirão diante delas; muitas causas de enfermidades serão então explicadas e poderosos meios de combatê-las serão encontrados.

13. É por meio do perispírito que os Espíritos agem sobre a matéria inerte e produzem os diferentes fenômenos das manifestações. A sua natureza etérea não poderia ser um obstáculo, uma vez que se sabe que os mais poderosos motores se encontram nos fluidos mais rarefeitos e fluidos imponderáveis. Não há, pois, de nenhum modo, lugar para se espantar de ver, com a ajuda dessa alavanca, os Espíritos produzirem certos efeitos físicos, tais como pancadas e ruídos de todas as espécies, levantamento de objetos, transportados ou projetados no espaço. Não há nenhuma necessidade, para disso se dar conta, de recorrer ao maravilhoso ou aos efeitos sobrenaturais.

14. Os Espíritos, agindo sobre a matéria, podem se manifestar de várias maneiras diferentes: por efeitos físicos, tais como os ruídos e o movimento de objetos; pela transmissão do pensamento, pela visão, o ouvido, a palavra, o toque, a escrita, o desenho, a música, etc., em uma palavra, por todos os meios que podem servir para colocá-los em relação com os homens.

15. As manifestações dos Espíritos podem ser espontâneas ou provocadas. As primeiras ocorrem inopinadamente e de improviso; elas se produzem, freqüentemente, nas pessoas mais estranhas às idéias espíritas. Em certos casos, e sob o império de certas circunstâncias, as manifestações podem ser provocadas pela vontade, sob a influência de pessoas dotadas, para esse efeito, de faculdades especiais.

As manifestações espontâneas ocorreram em todas as épocas e em todos os países; o meio de provocá-las, certamente, era também conhecido na antiguidade, mas era o privilégio de certas castas que não o revelavam senão a raros iniciados, sob condições rigorosas, e escondendo-o ao vulgo, a fim de dominá-lo pelo prestígio de uma força oculta. Não obstante, perpetuou-se através das idades até os nossos dias, em alguns indivíduos, mas quase sempre desfiguradas pela superstição ou misturada às práticas ridículas da magia, o que havia contribuído para desacreditá-la. Isso não fora, até então, senão germes lançados aqui e ali; a Providência reservara à nossa época o conhecimento completo e a vulgarização desses fenômenos, para livrá-los de suas más ligas e fazê-los servirem para a melhoria da Humanidade, hoje madura para compreendê-los e deles tirar as conseqüências.

§ 2. MANIFESTAÇÕES VISUAIS

16. Pela sua natureza, e em seu estado normal, o perispírito é invisível, e tem isso em comum com uma multidão de fluidos que sabemos existir, e que, entretanto, jamais vimos; mas ele pode também, do mesmo modo que certos fluidos, sofrer modificações que o tornam perceptível à visão, seja por uma espécie de condensação, seja por uma mudança na disposição molecular; pode mesmo adquirir as propriedades de um corpo sólido e tangível, mas pode instantaneamente retomar o seu estado etéreo e invisível. Pode-se dar conta desse efeito pelo do vapor que pode passar da invisibilidade ao estado brumoso, depois líquido, depois sólido, e vice versa.

Esses diferentes estados do perispírito são o resultado da vontade do Espírito, e não de uma causa física exterior, como no gás. Quando um Espírito aparece, é que ele coloca o seu perispírito no estado necessário para torná-lo visível. Mas a sua vontade nem sempre basta: é necessário, para que essa modificação do perispírito possa se operar, um concurso de circunstâncias independentes dele; é necessário, por outro lado, que o Espírito tenha a permissão de se fazer ver por tal pessoa, o que nem sempre lhe é concedido, ou não o é senão em certas circunstâncias, por motivos que não podemos apreciar. (Ver O Livro dos Médiuns, página 132.)

Uma outra propriedade do perispírito e que se prende à sua natureza etérea, é a penetrabilidade. Nenhuma matéria lhe é obstáculo; ele as atravessa todas, como a luz atravessa os corpos transparentes. É por isso que não há clausura que possa se opor à entrada dos Espíritos; eles vão visitar o prisioneiro em seu cárcere tão facilmente quanto o homem que está no meio dos campos.

17. As manifestações visuais mais comuns ocorrem no sono, pelos sonhos: são as visões. As aparições propriamente ditas ocorrem no estado de vigília, e é então que se goza da plenitude e da inteira liberdade de suas faculdades. Elas se apresentam, geralmente, sob uma forma vaporosa e diáfana, algumas vezes vagas e indecisas: freqüentemente, à primeira vista, de um clarão esbranquiçado, cujos contornos se desenham pouco a pouco. De outras vezes, as formas são nitidamente acentuadas e se lhe distinguem os menores traços do rosto, ao ponto de se poder fazer uma descrição muito precisa. Os passos, o aspecto são semelhantes ao que era o Espírito quando vivo.

18. Podendo tomar todas as aparências, o Espírito se apresenta sob aquela que pode melhor fazê-lo reconhecer, e se tal é o seu desejo. Também, se bem que, como Espírito, ele não tenha nenhuma enfermidade corpórea, se mostrará estropiado, coxo, ferido, com cicatrizes, se isso for necessário para constatar a sua identidade. Ocorre o mesmo com a roupa; a dos Espíritos, que nada conservaram das quedas terrestres, se compõe, o mais ordinariamente, de uma roupagem de longos franzidos flutuantes, com uma cabeleira ondulante e graciosa.

Freqüentemente, os Espíritos se apresentam com os atributos característicos de sua elevação, como uma auréola, asas para aqueles que se podem considerar como anjos, um aspecto luminoso resplandecente, ao passo que outros têm aqueles que lembram as suas ocupações terrestres; assim, um guerreiro poderá aparecer com a sua armadura, um sábio com os livros, um assassino com um punhal, etc. Os Espíritos superiores têm um rosto belo, nobre e sereno; os mais inferiores têm alguma coisa de feroz e de bestial, e alguns trazem ainda as marcas de crimes que cometeram, ou suplícios que suportaram; para eles, essa aparência é uma realidade; quer dizer que se crêem ser tal como parecem; é para eles um castigo.

19. O Espírito, que quer ou pode aparecer, algumas vezes, reveste uma forma mais limpa ainda, tendo todas as aparências de um corpo sólido, ao ponto de produzir uma ilusão completa, e de fazer crer que se está diante de um ser corpóreo.

Em alguns casos, e sob o império de certas circunstâncias, a tangibilidade pode se tornar real, quer dizer, que se pode tocar, apalpar, sentir a mesma resistência, o mesmo calor que da parte de um corpo vivo, o que não impede de se desvanecer com a rapidez do raio. Poder-se-ia, pois, estar em presença de um Espírito. Com quem se trocariam as palavras e os atos da vida, crendo ter relações com um simples mortal e sem desconfiar que era um Espírito.

20. Qualquer que seja o aspecto sob o qual um Espírito se apresente, mesmo sob a forma tangível, ele pode, no mesmo instante, não ser visível senão somente para alguns; numa assembléia poderia, pois, não se mostrar senão a um ou vários membros; de duas pessoas, colocadas uma ao lado da outra, uma pode vê-lo e tocá-lo, a outra nada vê e nada sente.

O fenômeno da aparição a uma única pessoa, entre várias que se acham juntas, se explica pela necessidade , para que se produza, de uma combinação entre o fluido perispiritual do Espírito e o da pessoa; é necessário, para isso, que haja entre esses fluidos uma espécie de afinidade que favoreça a combinação; se o Espírito não encontra aptidão orgânica necessária, o fenômeno da aparição não pode se reproduzir; se a aptidão existe, o Espírito está livre para aproveitá-la ou não; de onde resulta que, se duas pessoas igualmente dotadas sob esse aspecto, se encontrem juntas, o Espírito pode operar a combinação fluídica com aquela das duas, a quem quer se mostrar; não o fazendo com a outra, esta não o verá. Assim ocorreria com dois indivíduos, cada um tendo um véu sobre os olhos, se um terceiro indivíduo quer se mostrar a um dos dois somente, ele não levantará senão um véu; mas àquele que fosse cego, seria em vão que levantaria o véu, a faculdade de ver não lhe seria dada por isso.

21. As aparições tangíveis são muito raras, mas as aparições vaporosas são freqüentes; elas o são sobretudo no momento da morte; o Espírito desligado parece apressar-se em ir rever os seus parentes e seus amigos, como para adverti-los que vem de deixar a Terra, e dizer-lhes que ele vive sempre. Que cada um recolha as suas lembranças, e ver-se-á quantos fatos autênticos desse gênero, dos quais não se dava conta, ocorreram não só à noite, mas em pleno dia e no mais completo estado de vigília.

§ 3. TRANSFIGURAÇÃO. INVISIBILIDADE.

22. O perispírito das pessoas vivas goza das mesmas propriedades que o dos Espíritos. Como isso foi dito, ele não está, de nenhum modo, confinado no corpo, mas irradia e forma, ao seu redor, uma espécie de atmosfera fluídica; ora, pode ocorrer que, em certos casos, e sob o império das mesmas circunstâncias, ele sofra uma transformação análoga à que foi descrita; a forma real e material do corpo pode se apagar sob essa camada fluídica, podendo-se assim se exprimir, e revestir, momentaneamente, uma aparência toda diferente, mesmo a de uma outra pessoa, ou do Espírito que combine o seu fluido com o do indivíduo, ou bem ainda dar a um rosto feio um aspecto belo e radiante. Tal é o fenômeno designado sob o nome de transfiguração, fenômeno bastante freqüente, e que se produz principalmente quando as circunstâncias provocam uma expansão mais abundante de fluido.

O fenômeno da transfiguração pode se manifestar com uma intensidade muito diferente, segundo o grau de depuração do perispírito, grau que corresponde sempre ao da elevação moral do Espírito. Limita-se, às vezes, a uma simples mudança do aspecto da fisionomia, como pode dar ao perispírito uma aparência luminosa e esplêndida.

A forma material pode, pois, desaparecer sob o fluido perispiritual, mas não há necessidade, por esse fluido, de revestir um outro aspecto; às vezes, pode simplesmente ocultar um corpo inerte , ou vivo, e torná-lo invisível aos olhos de uma ou de várias pessoas, como o faria uma camada de vapor.

Não tomamos as coisas atuais senão como pontos de comparação, e não em vista de estabelecer uma analogia absoluta, que não existe.

23. Esses fenômenos não podem parecer estranhos senão porque não se conhecem as propriedade do fluido perispiritual; é para nós um corpo novo que deve ter propriedades novas, e que não se pode estudar pelos procedimentos ordinários da ciência, mas que não são elas menos propriedades naturais, nada tendo de maravilhoso a não ser a novidade.

§ 4. EMANCIPAÇÃO DA ALMA.

24. Só o corpo repousa durante o sono, mas o Espírito não dorme; aproveita do repouso do corpo, e dos momentos em que a sua presença não é necessária, para agir separadamente e ir onde quer; goza de sua liberdade e da plenitude de suas faculdades. Durante a vida, o Espírito jamais está completamente separado do corpo; para qualquer distância que se transporte, está sempre ligado a ele por um laço fluídico que serve para chamá-lo, desde que a sua presença seja necessária; esse laço não se rompe senão com a morte.

“O sono livra em parte a alma do corpo. Quando se dorme, está-se, momentaneamente, no estado em que se encontra, de maneira fixa, depois da morte. Os Espíritos que estão desligados da matéria, depois de sua morte, têm sonos inteligentes; aqueles, quando dormem, se unem à sociedade dos outros seres superiores a eles; viajam, conversam e se instruem com eles; trabalham mesmo em obras que encontram todas feitas quando morrem. Isto vos deve ensinar, uma vez mais, a não temer a morte, uma vez que morreis todos os dias, segundo a palavra de um santo.

“Eis ali para os Espíritos elevados; mas para a massa dos homens que, na morte, devem ficar muitas horas nessa perturbação, nessa incerteza da qual vos falei, aqueles vão, seja para mundos inferiores à Terra, onde antigas afeições os chamam, seja a procurar prazeres talvez ainda mais baixos do que aqueles que têm aqui; vão haurir doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais nocivas do que aquelas que professavam em vosso meio. E o que engendra a simpatia sobre a Terra não é outra coisa que esse fato, que se sente ao despertar, aproximar, pelo coração, daqueles com quem se veio de passar oito a nove horas de felicidade ou de prazer. O que explica também essas antipatias invencíveis, é que se sabe, no fundo do coração, que aquelas outras pessoas têm uma outra consciência do que a nossa, porque são conhecidos sem tê-los visto com os olhos. É, ainda, o que explica a indiferença porque não se liga a fazer novos amigos, quando se sabe que se tem outros que nos amam e nos estimam. Em uma palavra, o sono influi mais do que pensais sobre a vossa vida.

“Pelo efeito do sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos, e é o que faz com que os Espíritos superiores consintam, sem muita repulsa, em encarnar entre vós. Deus quis que, durante o seu contato com o vício, eles possam ir se retemperar na fonte do bem, para eles mesmos não falirem, eles que vêm instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abre para os amigos do céu; é a recreação depois do trabalho, esperando a grande libertação, a liberação final, que deverá restituí-los ao seu verdadeiro meio.

“O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono: mas notai que não sonhais sempre, porque não vos lembrais do que vistes. Não é a vossa alma em todo o seu desenvolvimento; freqüentemente, não é senão a lembrança da perturbação que acompanha a vossa partida ou a vossa reentrada, à qual se junta o que fizestes ou o que vos preocupou no estado de vigília; sem isso, como explicaríeis esses sonhos absurdos que têm os mais sábios como os mais simples? Os maus Espíritos também se servem dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilâmines.

“A incoerência dos sonhos se explica, ainda, pelas lacunas que a lembrança incompleta produz daquilo que apareceu em sonho. Tal seria um relato do qual se tivessem mutilado ao acaso as frases: reunidos os fragmentos que restassem, perderia toda a significação razoável.

“De resto, vereis em pouco se desenvolver uma outra espécie de sonho; ela é tão antiga quanto as que conheceis, mas a ignorais. O sonho de Jeanne D’Arc, o sonho de Jacó, o sonho dos profetas judeus e de alguns adivinhadores indianos; aquele sonho é a lembrança da alma inteiramente desligada do corpo, a lembrança dessa segunda vida, da qual vos falava há pouco. ” (O Livro dos Espíritos, p. 177 e seguintes.)

25. A independência e a emancipação da alma se manifestam, sobretudo, de maneira evidente, no fenômeno do sonambulismo natural e magnético, na catalepsia e na letargia. A lucidez sonambúlica não é outra senão a faculdade que a alma possui de ver e de sentir sem o socorro dos órgãos materiais. Essa faculdade é um dos seus atributos; ela reside em todo o seu ser; os órgãos do corpo são os canais restritos por onde lhe chegam certas percepções. A visão à distância, que certos sonâmbulos possuem, provém do deslocamento da alma, que vê o que se passa nos lugares para onde se transporta. Em suas peregrinações, está sempre revestida de seu perispírito, agente de suas sensações, mas que jamais está inteiramente desligado do corpo, assim como dissemos. O desligamento da alma produz a inércia do corpo que parece, às vezes, privado de vida.

26. Esse desligamento pode se produzir igualmente, em diversos graus, no estado de vigília, mas então o corpo não goza jamais completamente de sua atividade normal; há sempre uma certa absorção, um desligamento mais ou menos completo das coisas terrestres; o corpo não dorme, ele caminha, age, mas os olhos olham sem ver; compreende-se que a alma está alhures. Como no sonambulismo, ela vê as coisas ausentes; tem percepções e sensações que nos são desconhecidas; às vezes, tem a presciência de certos acontecimentos futuros pela ligação que lhe reconhece com as coisas presentes. Penetrando o mundo invisível, vê os Espíritos com os quais ela pode conversar, e dos quais pode nos transmitir o pensamento.

O esquecimento do passado segue, bastante e geralmente, o retorno ao estado normal, mas algumas vezes conserva dele uma lembrança mais ou menos vaga, como seria a de um sonho.

27. A emancipação da alma amortece, às vezes, as sensações físicas ao ponto de produzir uma verdadeira insensibilidade que, nos momentos de exaltação, pode fazer suportar com indiferença as mais vivas dores. Essa insensibilidade provém do desligamento do perispírito, agente de transmissão das sensações corpóreas: o Espírito ausente não sente as feridas do corpo.

28. A faculdade emancipadora da alma, na sua manifestação mais simples, produz o que se chama o sonho desperto; ela dá também, a certas pessoas, a presciência que constitui os pressentimentos; num maior grau de desenvolvimento, produz o fenômeno designado sob o nome de segunda vista, dupla vista ou sonambulismo desperto.

29. O êxtase é o grau máximo de emancipação da alma. “No sonho e no sonambulismo, a alma erra nos mundos terrestres; no êxtase, ela penetra num mundo desconhecido, no dos Espíritos etéreos com os quais entra em comunicação, sem, todavia, poder ultrapassar certos limites, que não poderia transpor sem quebrar totalmente os laços que a prendem ao corpo. Um brilho resplandecente e todo novo a envolve, harmonias desconhecidas sobre a Terra, a arrebatam, um bem-estar indefinível a penetra; ela goza, por antecipação, da beatitude celeste, e se pode dizer que põe um pé no limiar da eternidade. No êxtase, o aniquilamento do corpo é quase completo; não há mais, por assim dizer, senão a vida orgânica, e sente-se que a alma a ela não se prende senão por um fio que um esforço mais forte faria romper sem retorno.” (O Livro dos Espíritos, nº 455.)

30. O êxtase, não mais do que os outros graus de emancipação da alma, não está isento de erros; é por isso que as revelações dos extáticos estão longe de ser sempre a expressão da verdade absoluta. A razão disso está na imperfeição do Espírito humano; não é senão quando chegou no cimo da escala, que ele pode julgar sadiamente as coisas; até lá, não lhe é dado de tudo ver nem de tudo compreender. Se, depois da morte, então que o desligamento é completo, ele não vê sempre com justeza; se há os que estão ainda imbuídos dos preconceitos da vida , que não compreendem as coisas do mundo invisível onde estão, com mais forte razão, deve ocorrer o mesmo com o Espírito preso ainda à carne.

Há, algumas vezes, entre os extáticos mais exaltação do que verdadeira lucidez, ou, melhor dizendo, a sua exaltação prejudica a sua lucidez; é por isso que as suas revelações, freqüentemente, são uma mistura de verdades e de erros, de coisas sublimes ou mesmo ridículas. Os Espíritos inferiores se aproveitam também dessa exaltação, que é sempre uma causa de fraqueza quando não se sabe dominá-la, para dominar o extático, e, para esse efeito, eles revestem aos seus olhos aparências que o mantêm em suas idéias ou preconceitos, de sorte que as suas visões e as suas revelações não são, freqüentemente, senão um reflexo de suas crenças. É um escolho ao qual não escapam senão os Espíritos de uma ordem elevada, e contra o qual o observador deve se ter em guarda.

31. Há pessoas cujo perispírito é de tal forma identificado com o corpo, que o desligamento da alma não se opera senão com uma extrema dificuldade, mesmo no momento da morte; geralmente, são as que viveram mais materialmente; são também aquelas cuja morte é a mais penosa, a mais cheia de angústias, e a agonia a mais longa e a mais dolorosa; mas há outras, ao contrário, cuja alma prende-se ao corpo por laços tão fracos, que a separação se faz sem abalos, com a maior facilidade e, freqüentemente, antes da morte do corpo; à aproximação do fim da vida, a alma já entrevê o mundo onde ela vai entrar, e aspira ao momento de sua libertação completa.

§ 5. APARIÇÕES DE PESSOAS VIVAS. BICORPOREIDADE.

32. A faculdade emancipadora da alma, e seu desligamento do corpo durante a vida, podem dar lugar a fenômenos análogos àqueles que apresentam os Espíritos desencarnados. Enquanto o corpo está no sono, o Espírito, se transportando para diversos lugares, pode se tornar visível e aparecer sob uma forma vaporosa, seja em sonho, seja no estado de vigília; pode, igualmente, se apresentar sob a forma tangível, ou pelo menos com uma aparência de tal modo identificada com a realidade, que várias pessoas podem estar na verdade afirmando tê-lo visto, no mesmo momento, em dois pontos diferentes; ele o fora com efeito, mas de um lado só estava o seu corpo verdadeiro, e do outro não havia senão o Espírito. De resto, esse fenômeno é muito raro, é que deu lugar à crença nos homens duplos, e que é designada sob o nome de bicorporeidade.

Por extraordinário que ele seja, não entra menos, como todos os outros, na ordem dos fenômenos naturais, uma vez que repousa sobre as propriedades do perispírito e sobre uma lei da Natureza.

§ 6. DOS MÉDIUNS.

33. Os médiuns são as pessoas aptas a receberem a influência dos Espíritos e transmitirem os seus pensamentos.

Toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Essa faculdade é inerente ao homem, e, por conseguinte, não é, de nenhum modo, um privilégio exclusivo: também há poucos nos quais não se lhe encontra algum rudimento. Pode-se, pois, dizer que todo o mundo, com pequena diferença, é médium; todavia, no uso, essa qualificação não se aplica senão naqueles nos quais a faculdade mediúnica se manifesta por efeitos ostensivos de uma certa intensidade.

34. O fluido perispiritual é o agente de todos os fenômenos espíritas; esses fenômenos não podem se operar senão pela ação recíproca dos fluidos emitidos pelo médium e pelo Espírito. O desenvolvimento da faculdade mediúnica prende-se à natureza mais ou menos expansível do perispírito do médium e à sua assimilação, mais ou menos fácil, com o dos Espíritos; prende-se, por conseqüência, ao organismo, e pode ser desenvolvida quando o princípio existe, mas não pode ser adquirida quando esse princípio não existe. A predisposição mediúnica é independente do sexo, da idade e do temperamento; encontram-se médiuns em todas as categorias de indivíduos, desde a mais tenra idade, até a mais avançada.

35. As relações entre os Espíritos e os médiuns se estabelecem por meio de seu perispírito; a facilidade dessas relações depende do grau de afinidade que existe entre os dois fluidos; alguns há que se assimilam facilmente e outros que se repelem; de onde se segue que não basta ser médium para se comunicar indistintamente com todos os Espíritos; há médiuns que não podem se comunicar senão com certos Espíritos, ou com certas categorias de Espíritos, e outros que não o podem senão por uma transmissão de pensamento, sem nenhuma manifestação exterior.

36. Pela assimilação dos fluidos perispirituais, o Espírito se identifica, por assim dizer, com a pessoa que quer influenciar; não somente lhe transmite o seu pensamento, mas pode exercer sobre ela uma ação física, fazê-la agir ou falar à sua vontade, fazê-la dizer o que não quer; em uma palavra, servir-se de seus órgãos como se fossem os seus; pode, enfim, neutralizar a ação de seu próprio Espírito e paralisar-lhe o livre arbítrio. Os bons Espíritos se servem dessa influência para o bem, e os maus Espíritos para o mal.

37. Os Espíritos podem se manifestar de uma infinidade de maneiras diferentes, e não o podem senão com a condição de encontrarem uma pessoa apta a receber e a transmitir tal ou tal gênero de impressão, segundo a sua aptidão; ora, como não há nenhuma delas possuindo todas as aptidões no mesmo grau, disso resulta que umas obtêm efeitos impossíveis para as outras. Essa diversidade na aptidão produz diferentes variedades de médiuns.

38. A vontade do médium, de nenhum modo, é sempre necessária; o Espírito que quer se manifestar procura o indivíduo apto a receber a sua impressão, e dele se serve, freqüentemente, com o seu desconhecimento; outras pessoas, ao contrário, tendo a consciência de sua faculdade, podem provocar certas manifestações; daí duas categorias de médiuns: os médiuns inconscientes e os médiuns facultativos.

No primeiro caso, a iniciativa vem do Espírito: no segundo, vem do médium.

39. Os médiuns facultativos não se encontram senão entre as pessoas que têm um conhecimento mais ou menos completo dos meios de se comunicar com os Espíritos, e podem assim ter a vontade de se servirem de suas faculdades; os médiuns inconscientes, ao contrário, se encontram entre aqueles que não têm nenhuma idéia nem do Espiritismo, nem dos Espíritos, mesmo entre os mais incrédulos, e que servem de instrumento sem o saberem e sem o quererem. Todos os gêneros de fenômenos espíritas podem se produzir pela sua influência, e foram encontrados em todas as épocas e entre todos os povos. O ignorância e a credulidade lhes atribuíram um poder sobrenatural, e, segundo os lugares e os tempos, deles fizeram santos, feiticeiros, loucos ou visionários; o Espiritismo nos mostra neles a simples manifestação espontânea de uma faculdade natural.

40. Entre as diferentes variedades de médiuns, distinguem-se principalmente: os médiuns de efeitos físicos; os médiuns sensitivos ou impressionáveis; os médiuns audientes, falantes, videntes, inspirados, sonâmbulos, curadores, escreventes ou psicógrafos, etc.; não descreveremos aqui senão os mais essenciais (1).

(1) Para os detalhes completos, ver O Livro dos Médiuns.

41. Médiuns de efeitos físicos. – São mais especialmente aptos a produzirem fenômenos materiais, tais como o movimento de corpos inertes, os ruídos, os deslocamentos, os soerguimentos e a translação de objetos, etc. Esses fenômenos podem ser espontâneos ou provocados; em todos os casos, requerem o concurso, voluntário ou involuntário, de médiuns dotados de faculdades especiais. Tais efeitos são geralmente oriundos de Espíritos de uma ordem inferior, os Espíritos elevados não se ocupam senão das comunicações inteligentes e instrutivas.

42. Médiuns sensitivos ou impressionáveis. – Designam-se assim as pessoas suscetíveis de sentirem a presença dos Espíritos por uma vaga impressão, uma espécie de toque leve sobre todos os membros, dos quais não podem se dar conta. Esta faculdade pode adquirir uma tal delicadeza que, aquele que dela está dotado reconhece, pela impressão que sente, não só a natureza, boa ou má, do Espírito que está ao seu lado, mas mesmo a sua individualidade, como o cego reconhece, instintivamente, a aproximação de tal ou tal pessoa. Um bom Espírito causa sempre uma impressão doce e agradável; a de um mau, ao contrário, é penosa, ansiosa e desagradável; há como um cheiro de impureza.

43. Médiuns audientes. – Eles ouvem a voz dos Espíritos; algumas vezes, é uma voz íntima que se faz ouvir no foro interior; de outras vezes, é uma voz exterior, clara e distinta como a de uma pessoa viva. Os médiuns audientes podem, assim, entrar em conversação com os Espíritos. Quando têm o hábito de se comunicarem com certos Espíritos, eles o reconhecem imediatamente pelo som de sua voz. Quando não se é, por si mesmo, médium audiente, se pode comunicar com um Espírito por intermédio de um médium audiente que lhe transmite as palavras.

44. Médiuns falantes. – Os médiuns audientes, que não fazem senão transmitir o que ouvem não são, propriamente falando, Médiuns falantes; estes últimos, muito freqüentemente, nada ouvem; neles, o Espírito atua sobre os órgãos da palavra, como nos médiuns escreventes agem sobre a mão. O Espírito, querendo se comunicar, se serve do órgão que encontra mais flexível; a um toma a mão, a um outro a palavra, a um terceiro o ouvido. O médium falante se exprime, geralmente, sem ter a consciência do que diz e, freqüentemente, diz coisas completamente fora das suas idéias habituais, de seus conhecimentos e mesmo do alcance de sua inteligência. Vêem-se, às vezes, pessoas iletradas e de uma inteligência vulgar, se exprimirem, naqueles momentos, com uma verdadeira eloqüência e tratarem, com uma incontestável superioridade, questões sobre as quais seriam incapazes de emitir uma opinião no estado normal.

Embora o médium falante esteja perfeitamente desperto, conserva raramente a lembrança daquilo que disse. A passividade, no entanto, não é sempre completa; há os que têm a intuição do que dizem no mesmo momento em que pronunciam as palavras.

A palavra é, no médium falante, um instrumento do qual se serve o Espírito, com o qual uma pessoa estranha pode entrar em comunicação, como pode fazê-lo por intermédio de um médium audiente. Há esta diferença entre o médium audiente e o médium falante, de que o primeiro fala voluntariamente para repetir o que ouve, ao passo que o segundo fala involuntariamente.

45. Médiuns videntes. – Dá-se este nome às pessoas que, no estado normal, e perfeitamente despertas, gozam da faculdade de ver os Espíritos. A possibilidade de vê-los em sonho resulta, sem contradita, de uma espécie de mediunidade, mas não constitui, propriamente falando, os médiuns videntes. Explicamos a teoria desse fenômeno no capítulo das Visões e aparições, de O Livro dos Médiuns.

As aparições de pessoas que se amou ou conheceu são bastante freqüentes; e, se bem que aqueles que a tiveram possam ser considerados como médiuns videntes, dá-se, mais geralmente, esse nome àqueles que gozam, de maneira de alguma sorte permanente, da faculdade de ver quase todos os Espíritos. Entre eles, há os que não vêem senão os Espíritos que se evocam e dos quais podem fazer a discrição com uma minuciosa exatidão; descrevem, nos menores detalhes, os seus gestos, a expressão de sua fisionomia, os traços do rosto, a roupa e até os sentimentos dos quais parecem animados. Há outros nos quais essa faculdade é ainda mais geral; eles vêem toda a população espírita ambiente ir, vir, e, se poderia dizer, cuidar de seus negócios. Esses médiuns jamais estão só: sempre têm com eles uma sociedade que podem escolher à sua vontade, segundo o seu gosto, porque podem, pela sua vontade, afastar os Espíritos que não lhes convêm, ou atrair aqueles que lhes são simpáticos.

46. Médiuns sonâmbulos. – O sonambulismo pode ser considerado como uma variedade da faculdade mediúnica, ou, melhor dizendo, são duas ordens de fenômenos que, muito freqüentemente, se acham reunidos. O sonâmbulo age sob a influência de seu próprio Espírito; é a sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe fora dos limites de seus sentidos; o que ele exprime, haure em si mesmo; suas idéias, em geral, são mais justas do que no estado normal, seus conhecimentos mais extensos, porque a sua alma está livre; em uma palavra, ele vive por antecipação a vida dos Espíritos. O médium, ao contrário, é o instrumento de uma inteligência estranha; é passivo, e o que diz não vem dele. Em resumo, o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, e o médium exprime o de um outro. Mas o Espírito que se comunica a um médium comum, pode do mesmo modo fazê-lo a um sonâmbulo; freqüentemente mesmo, o estado de emancipação da alma, durante o sonambulismo, torna essa comunicação mais fácil. Muitos sonâmbulos vêem os Espíritos e os descrevem com tanta precisão quanto os médiuns videntes; podem conversar com eles e nos transmitir o seu pensamento; o que dizem fora do círculo de seus conhecimentos pessoais, freqüentemente, lhes é sugerido por outros Espíritos.

47. Médiuns inspirados. – Estes médiuns são aqueles nos quais os sinais exteriores da mediunidade são os menos aparentes; a ação dos Espíritos é aqui toda intelectual e toda moral, e se revela nas menores circunstâncias da vida, como nas maiores concepções; é sob esse aspecto, sobretudo, que se pode dizer que todos são médiuns, porque não há ninguém que não tenha os seus Espíritos protetores e familiares que fazem todos os esforços para sugerirem aos seus protegidos pensamentos salutares. No inspirado, amiúde, é difícil distinguir o pensamento próprio daquele que lhe é sugerido; o que caracteriza este último é, sobretudo, a espontaneidade.

A inspiração se torna mais evidente nos grandes trabalhos da inteligência. Os homens de gênio em todos os gêneros, artistas, sábios, literatos, oradores, sem dúvida, são Espíritos avançados, capazes de, por eles mesmos, compreender e conceber grandes coisas; ora, é precisamente porque eles são julgados capazes que os Espíritos, que querem cumprir certos trabalhos, lhes sugerem as idéias necessárias, e é assim que são, o mais freqüentemente, médiuns sem o saberem. Têm, todavia, uma vaga intuição de uma assistência estranha, porque aquele que apela à inspiração, outra coisa não faz do que uma evocação; se não esperava ser ouvido, porque escreveria tão freqüentemente: Meu bom gênio, venha em minha ajuda!

48. Médiuns de pressentimentos. – Pessoas que, em certas circunstâncias, têm uma vaga intuição das coisas futuras vulgares. Essa intuição pode provir de uma espécie de dupla vista que permite entrever as conseqüências das coisas presentes e a filiação dos acontecimentos; mas, freqüentemente, ela é o fato de comunicações ocultas que deles faz uma variedade dos médiuns inspirados.

49. Médiuns proféticos. – É igualmente uma variedade dos médiuns inspirados; recebem, com a permissão de Deus, e com mais precisão do que os médiuns de pressentimentos, a revelação das coisas futuras de um interesse geral, e que estão encarregados de fazer os homens conhecerem, para a sua instrução. O pressentimento é dado, para a maioria dos homens, de alguma sorte para o seu uso pessoal; o dom da profecia, ao contrário, é excepcional e implica a idéia de uma missão sobre a Terra.

Se há verdadeiros profetas, há mais ainda de falsos, e que tomam os sonhos de sua imaginação por suas revelações, quando não são velhacos que se fazem passar por tal por ambição.

O verdadeiro profeta é um homem de bem inspirado por Deus; pode-se reconhecê-lo por suas palavras e suas ações; Deus não pode se servir da boca do mentiroso para ensinar a verdade. (O Livro dos Espíritos, nº 624.)

50. Médiuns escreventes ou psicógrafos. – Designa-se com esse nome as pessoas que escrevem sob a influência dos Espíritos. Do mesmo modo que um Espírito pode agir sobre os órgãos da palavra, de um médium falante, para lhe fazer pronunciar as palavras, ele pode se servir de sua mão para fazê-lo escrever. A mediunidade psicográfica apresenta três variedades muito distintas: os médiuns mecânicos, intuitivos e semimecânicos.

No médium mecânico, o Espírito age diretamente sobre a mão à qual dá o impulso. O que caracteriza este gênero de mediunidade é a inconsciência absoluta do que se escreve; o movimento da mão é independente da vontade; ela prossegue sem interrupção, e apesar do médium, enquanto o Espírito tenha alguma coisa para dizer, e se detém quando ele termina.

No médium intuitivo, a transmissão do pensamento se faz por intermédio do Espírito do médium. O Espírito estranho, nesse caso, não age sobre a mão para dirigi-la, age sobre a alma com a qual se identifica e à qual imprime a sua vontade e suas idéias; ele recebe o pensamento estranho e o transcreve. Nessa situação, o médium escreve voluntariamente e tem a consciência do que escreve, embora isso não seja o seu próprio pensamento.

Freqüentemente, é bastante difícil distinguir o pensamento próprio do médium daquele que lhe é sugerido, o que leva muitos médiuns desse gênero a duvidarem de sua faculdade. Pode-se reconhecer o pensamento sugerido no fato de que ele não é jamais preconcebido; que ele nasce à medida que se escreve e, com freqüência, é contrário à idéia prévia que se formou; pode mesmo estar fora dos conhecimentos e das capacidades do médium.

Há uma grande analogia entre a mediunidade intuitiva e a inspiração; a diferença consiste em que a primeira, o mais feqüentemente, está restrita às questões da atualidade, e pode se aplicar fora das capacidades intelectuais do médium; um médium poderá tratar, por intuição, de um assunto ao qual é completamente estranho. A inspiração se estende sobre um campo mais vasto e vem, geralmente, em ajuda às capacidades e às preocupações do Espírito encarnado. Os traços da mediunidade são, em geral, menos evidentes.

O médium semimecânico ou semi-intuitivo participa das duas outras. No médium puramente mecânico, o movimento da mão é independente da vontade; no médium intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semimecânico sente um impulso dado à sua mão, apesar dele, mas, ao mesmo tempo, tem consciência daquilo que escreve à medida que as palavras se formam. No primeiro, o pensamento segue o ato da escrita; no segundo, precede-o; no terceiro, ele o acompanha.

51. Não sendo o médium senão um instrumento que recebe e transmite o pensamento de um Espírito estranho, que segue o impulso mecânico que lhe é dado, não há nada que ele não possa fazer fora de seus conhecimentos, se está dotado da flexibilidade e da aptidão mediúnica necessárias. Assim é que existem médiuns desenhistas, pintores, músicos, versificadores, embora estranhos à arte do desenho, da pintura, da música e da poesia; os médiuns iletrados, que escrevem sem saber nem ler nem escrever; os médiuns polígrafos, que reproduzem diferentes gêneros de escrita, e, algumas vezes, com perfeita exatidão a que o Espírito tinha quando vivo; os médiuns poliglotas, que falam ou escrevem em línguas que lhe são desconhecidas, etc.

52. Médiuns curadores. – Este gênero de mediunidade consiste na faculdade, que certas pessoas possuem, de curar pelo simples toque, pela imposição das mãos, o olhar, um gesto mesmo, sem a ajuda de nenhum medicamento. Esta faculdade, incontestavelmente, tem o seu princípio na força magnética; dela difere, todavia, pela energia e pela instantaneidade da ação, ao passo que as curas magnéticas exigem um tratamento metódico mais ou menos longo. Todos os magnetizadores estão quase aptos para curar se sabem a isso se ligar convenientemente; eles têm a ciência adquirida; nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns a possuem sem jamais terem ouvido falar do magnetismo.

A faculdade de curar pela imposição das mãos tem, evidentemente, o seu princípio numa força excepcional de expansão, mas é aumentada por diversas causas, entre as quais é necessário colocar em primeira linha: a pureza dos sentimentos, o desinteresse, a benevolência, o ardente desejo de aliviar, a prece fervorosa e a confiança em Deus, em uma palavra, todas as qualidades morais. A força magnética é puramente orgânica; pode ser, como a força muscular, dada a todo o mundo, mesmo a homens perversos; mas só o homem de bem dela se serve exclusivamente para o bem, sem dissimulação de interesse pessoal, nem satisfação do orgulho ou da vaidade; seu fluido depurado possui propriedades benfazejas e reparadoras que não pode ter aquele do homem vicioso ou interessado.

Todo efeito mediúnico, como foi dito, é o resultado da combinação dos fluidos emitidos por um Espírito e pelo médium: por essa união, esses fluidos adquirem propriedades novas que não teriam separadamente, ou pelo menos não teriam no mesmo grau. A prece, que é uma verdadeira evocação, atrai os bons Espíritos solícitos em virem secundar os esforços do homem bem intencionado; seu fluido benfazejo se une facilmente ao dele, ao passo que o fluido do homem vicioso se alia com o dos maus Espíritos que o cercam.

O homem de bem que não tivesse a força fluídica não poderia, pois, senão pouca coisa por si mesmo; ele não pode senão chamar a assistência dos bons Espíritos, mas a sua ação pessoal é quase nula; uma grande força fluídica, aliada à maior soma possível de qualidades morais, pode operar verdadeiros prodígios de curas.

53. A ação fluídica, por outro lado, é poderosamente secundada pela confiança do enfermo, e Deus recompensa, freqüentemente, a sua fé pelo sucesso.

54. Só a superstição pode ligar uma virtude a certas palavras, e só os Espíritos ignorantes e mentirosos podem manter semelhantes idéias prescrevendo quaisquer fórmulas. Entretanto, pode ocorrer que, para pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreenderem as coisas puramente espirituais, o emprego de uma fórmula de prece ou de uma prática determinada, contribui para lhes dar confiança; neste caso, não é a fórmula que é eficaz, mas a fé que é aumentada pela idéia ligada ao emprego da fórmula.

55. Não é necessário confundir os médiuns curadores com os médiuns receitistas; estes últimos são simples médiuns escreventes, cuja especialidade é de servirem, mais facilmente, de intérpretes aos Espíritos para as prescrições médicas; mas não fazem absolutamente senão transmitir o pensamento do Espírito, e não têm, por si mesmos, nenhuma influência.

§ 7. DA OBSESSÃO E DA POSSESSÃO

56. A obsessão é o império que maus Espíritos tomam sobre certas pessoas, tendo em vista dominá-las e submetê-las à sua vontade, pelo prazer que sentem em fazer o mal.

Quando um Espírito, bom ou mau, quer agir sobre um indivíduo, ele o envolve, por assim dizer, com o seu perispírito, como um manto; os fluidos se penetram, os dois pensamentos e as duas vontades se confundem, e o Espírito pode, então, se servir desse corpo como do seu próprio, fazê-lo agir segundo a sua vontade, falar, escrever, desenhar, tais são os médiuns. Se o Espírito é bom, a sua ação é doce, benfazeja; ele não leva a fazer senão boas coisas; se é mau, leva a fazê-las más; se é perverso e mau, constrange-o, como numa rede, paralisa até a sua vontade, o seu julgamento mesmo, que abafa sob o seu fluido, como se abafa o fogo sob uma camada de água; fá-lo pensar, falar, agir por ele, impele-o, apesar dele, a atos extravagantes ou ridículos, em uma palavra, o magnetiza, o cataleptiza moralmente, e o indivíduo se torna um instrumento cego de suas vontades. Tal é a causa da obsessão, da fascinação e da subjugação, que se mostram em graus de intensidade muito diferentes. É ao paroxismo da subjugação que se chama vulgarmente de possessão. Há a se anotar que, neste caso, freqüentemente, o indivíduo tem a consciência de que o que faz é ridículo, mas é constrangido a fazê-lo, como se um homem mais vigoroso do que ele fizesse mover, contra a sua vontade, os seus braços, as suas pernas e a sua língua.

57. Uma vez que os Espíritos existiram de todos os tempos, de todos os tempos também eles desempenharam o mesmo papel, porque esse papel está na Natureza, e a prova disso está no grande número de pessoas obsidiadas ou possuídas, querendo-se, antes que fosse posta a questão dos Espíritos, ou que, em nossos dias, jamais ouviram falar de Espiritismo nem de médiuns. A ação dos Espíritos, bons ou maus, é, pois, espontânea; a dos maus produz uma quantidade de perturbações na economia moral, e mesmo física, que, por ignorância da causa verdadeira, atribuía-se a causas errôneas. Os maus Espíritos são os inimigos invisíveis tanto mais perigosos quanto não se suponha a sua ação. O Espiritismo, pondo-os a descoberto, vem revelar uma nova causa para certos males da Humanidade; conhecida a causa, não se procurará mais combater o mal pelos meios que doravante se sabem inúteis, procurar-se-ão os mais eficazes. Ora, o que fez descobrir essa causa? A mediunidade; foi por meio da mediunidade que esses inimigos ocultos traíram a sua presença; ela fez para eles o que o microscópio fez para os infinitamente pequenos: revelou todo um mundo. O Espiritismo não atraiu, de nenhum modo, os maus Espíritos; ele os descobriu, e deu os meios de paralisar-lhes a ação e, conseqüentemente, afastá-los. Ele não trouxe, de nenhum modo, o mal, uma vez que o mal existia de todos os tempos: trouxe, ao contrário, o remédio ao mal mostrando-lhe a causa. Uma vez reconhecida a ação do mundo invisível, ter-se-á a chave de uma multidão de fenômenos incompreendidos, e a ciência, enriquecida com esta nova lei, verá se abrir diante dela novos horizontes. QUANDO CHEGARÁ ELA A ISSO? Quando ela não professar mais o materialismo, porque o materialismo detém o seu vôo e lhe coloca uma barreira intransponível.

58. Uma vez que se há maus Espíritos que obsIdiam, há bons que protegem, pergunta-se se os maus Espíritos são mais poderosos do que os bons.

Não é o bom Espírito que é mais fraco, é o médium que não é bastante forte para sacudir o manto que se lança sobre ele, para se livrar do constrangimento dos braços que o enlaçam e nos quais, é necessário dizê-lo bem, algumas vezes se compraz. Neste caso, compreende-se que o bom Espírito não possa ter a superioridade, uma vez que se lhe prefere um outro. Admitamos agora o desejo de se desembaraçar desse envoltório fluídico, do qual o seu está penetrado, como uma vestimenta está penetrada pela umidade, o desejo não bastará. A própria vontade nem sempre bastará.

Trata-se de lutar contra um adversário; ora, quando dois homens lutam corpo a corpo, é aquele que tem músculos mais fortes que derruba o outro. Com um Espírito é necessário lutar, não corpo a corpo, mas de Espírito para Espírito, e é ainda o mais forte que domina; aqui, a força está na autoridade que se pode tomar sobre o Espírito, e essa autoridade está subordinada à superioridade moral. A superioridade moral é como o Sol que dissipa o nevoeiro pela força de seus raios. Esforçar-se para ser bom, tornar-se melhor sendo-se já bom, purificar-se de suas imperfeições, em uma palavra, se elevar moralmente o mais possível, tal é o meio para adquirir o poder de dominar os Espíritos inferiores, para afastá-los, de outro modo eles zombarão de vossas imposições. (O Livro dos Médiuns, nº 252 e 279.)

Entretanto, dir-se-á, por que os Espíritos protetores não lhes ordenam para que se retirem? Sem dúvida, eles o podem e o fazem algumas vezes; mas, permitindo a luta, deixam também o mérito da vitória; se deixam se debaterem pessoas merecedoras sob certos aspectos, é para provar a sua perseverança e fazê-las adquirir mais força no bem; é para elas uma espécie de ginástica moral.

Certas pessoas, sem dúvida, prefeririam uma outra receita para expulsar os maus Espíritos: algumas palavras a dizer, ou alguns sinais a fazer, por exemplo, o que seria mais cômodo do que corrigir os seus defeitos. Com isso estamos descontentes, mas não conhecemos nenhum meio eficaz para vencer um inimigo senão de ser mais forte do que ele. Quando se está enfermo, é necessário resignar-se em tomar um medicamento, embora amargo que seja; mas também, quando se teve a coragem de bebê-lo, como se porta bem e como se é forte! É necessário, pois, bem se persuadir de que não há, para alcançar esse objetivo, nem palavras sacramentais, nem fórmulas, nem talismã, nem quaisquer sinais materiais. Os maus Espíritos deles se riem e se divertem, freqüentemente, indicando-os, que têm sempre o cuidado de dizerem infalíveis, para melhor captar a confiança daqueles que querem enganar, porque então estes, confiantes na virtude do processo, se entregam sem receio.

Antes de esperar domar o mau Espírito, é necessário domar a si mesmo. De todos os meios para adquirir a força para lá chegar, o mais eficaz é a vontade secundada pela prece, entenda-se a prece de coração, e não de palavras, para as quais a boca toma mais parte do que o pensamento. É necessário rogar seu anjo guardião, e os bons Espíritos, para nos assistir na luta; mas não basta lhes pedir para expulsarem o mau Espírito, é necessário se lembrar desta máxima: Ajuda-te, e o céu te ajudará, e lhes pedir, sobretudo, a força que nos falta para vencermos os nossos maus pendores, que são para nós piores do que os maus Espíritos, porque são essas tendências que os atraem, como a corrupção atrai as aves de rapina. Pedindo também para o Espírito obsessor, é restituir-lhe mal com o bem, e se mostrar melhor do que ele, o que já é uma superioridade. Com a perseverança, freqüentemente, acaba-se por conduzi-lo a melhores sentimentos e de perseguidor se faz um agradecido.

Em resumo, a prece fervorosa, e os esforços sérios para se melhorar, são os únicos meios para afastar os maus Espíritos que reconhecem seus superiores naqueles que praticam o bem, ao passo que as fórmulas os fazem rir, a cólera e a impaciência os excitam. É necessário deixá-los se mostrando mais pacientes do que eles.

Mas ocorre, algumas vezes, que a subjugação aumenta ao ponto de paralisar a vontade do obsidiado, e que não se pode dele esperar nenhum concurso sério. É então, sobretudo, que a intervenção de terceiros torna-se necessária, seja pela prece, seja pela ação magnética; mas a força dessa intervenção depende também do ascendente moral que os intervenientes podem tomar sobre os Espíritos; porque se não valem mais, a sua ação é estéril. A ação magnética, nesse caso, tem o efeito de penetrar o fluido do obsidiado de um fluido melhor, e de livrá-lo do Espírito mau; ao operar, o magnetizador deve ter o duplo objetivo de opor uma força moral a uma força moral, e de produzir sobre o sujeito uma espécie de reação química, para nos servirmos de uma comparação material, expulsando um fluido por um outro fluido. Por aí, não somente ele opera um desligamento salutar, mas dá força aos órgãos enfraquecidos por uma longa e, freqüentemente, vigorosa opressão. Compreende-se, de resto, que a força da ação fluídica está em razão, não só da energia da vontade, mas sobretudo da qualidade do fluido introduzido, e, segundo o que dissemos, que essa qualidade depende da instrução e das qualidades morais do magnetizador; de onde se segue que um magnetizador comum, que agiria maquinalmente para magnetizar pura e simplesmente, produziria pouco ou de nenhum efeito; é preciso, de toda a necessidade, um magnetizador espírita agindo com conhecimento de causa, com a intenção de produzir, não o sonambulismo ou uma cura orgânica, mas os efeitos que acabamos de descrever. Além disso, é evidente que uma ação magnética, dirigida nesse sentido, não pode ser senão muito útil no caso de obsessão comum, porque então, se o magnetizador é secundado pela vontade do obsidiado, o Espírito é combatido por dois adversários ao invés de um.

É necessário dizer, também, que se acusam, freqüentemente, os Espíritos estranhos de danos dos quais são muito inocentes; certos estados doentios, e certas aberrações que se atribuem a uma causa oculta, por vezes, devem-se simplesmente ao Espírito do próprio indivíduo. As contrariedades, que mais comumente cada um se concentra em si mesmo, sobretudo os desgostos amorosos, fazem cometer muitos atos excêntricos que se estaria errado em levar à conta da obsessão. Freqüentemente, pode ser-se obsessor de si próprio.

Acrescentemos, enfim, que certas obsessões tenazes, sobretudo nas pessoas de mérito, algumas vezes, fazem parte das provas às quais estão submetidas. “Ocorre mesmo, por vezes, que a obsessão, quando é simples, é uma tarefa imposta ao obsidiado, que deve trabalhar para a melhoria do obsessor, como um pai pela de um filho viciado.”

(Para maiores detalhes, remetemos a O Livro dos Médiuns.)

A prece, geralmente, é um meio poderoso para ajudar na libertação dos obsidiados, mas não é uma prece de palavras, dita com indiferença e como uma fórmula banal, que pode ser eficaz em semelhante caso; é necessária uma prece ardente que seja, ao mesmo tempo, uma espécie de magnetização mental; pelo pensamento pode-se levar, sobre o paciente, uma corrente fluídica salutar, cuja força está em razão da intenção. A prece não tem, pois, somente por efeito invocar um socorro estranho, mas de exercer uma ação fluídica. O que uma pessoa não pode fazer só, várias pessoas unidas pela intenção, numa prece coletiva e reiterada, freqüentemente o podem, sendo a potência da ação aumentada pelo número.

59. A ineficácia do exorcismo nos casos de possessão está constatada pela experiência, e está provado que, a maior parte do tempo, aumenta o mal antes que o diminua. A razão disso é que a influência está inteiramente no ascendente moral exercido sobre os maus Espíritos, e não num ato exterior, na virtude das palavras e de sinais. O exorcismo consiste nas cerimônias e fórmulas das quais se riem os maus Espíritos, ao passo que eles cedem à superioridade moral que se lhes impõe; vêem que se quer dominá-los por meios impotentes, que se pensa intimidá-los por um vão aparelho, e tratam de se mostrar os mais fortes, por isso é que redobram; são como o cavalo assustado, que lança por terra o cavaleiro inábil, e que se submete quando encontra o seu senhor; ora, o verdadeiro senhor aqui é o homem de coração mais puro, porque é este que é o mais escutado pelos bons Espíritos.

60. O que um Espírito pode fazer sobre um indivíduo, vários Espíritos podem fazê-lo sobre vários indivíduos, simultaneamente, e dar à obsessão um caráter epidêmico. Uma nuvem de maus Espíritos pode invadir uma localidade, e ali se manifestar de diversas maneiras. Foi uma epidemia desse gênero que maltratou a Judéia ao tempo do Cristo; ora, o Cristo, pela sua imensa superioridade moral, tinha sobre os demônios, ou maus Espíritos, uma superioridade moral tal que lhe bastava ordenar-lhes para se retirarem, para que eles o fizessem, e não empregava para isso nem sinais, nem fórmulas.

61. O Espiritismo está fundado sobre a observação dos fatos resultantes das relações entre o mundo visível e o mundo invisível. Estando esses fatos na Natureza, produziram-se em todas as épocas, e são muitos sobretudo nos livros sagrados de todas as religiões, porque serviram de base à maioria das crenças. Por falta de compreendê-los, foi que a Bíblia e os Evangelhos oferecem tantas passagens obscuras e que foram interpretadas em sentidos tão diferentes; o Espiritismo é a chave que deve facilitar-lhes a inteligência.

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