Uma frente
avançada das ciências, hoje, é constituída pelo estudo do cérebro e de
suas múltiplas inteligências. Alcançaram-se resultados relevantes,
também para a religião e a espiritualidade. Enfatizam-se três tipos de
inteligência. A primeira é a inteligência intelectual, o famoso QI
(Quociente de Inteligência), ao qual se deu tanta importância em todo o
século XX. É a inteligência analítica pela qual elaboramos conceitos e
fazemos ciência.
Com ela organizamos o mundo e solucionamos problemas objetivos.
A segunda é
a inteligência emocional, popularizada especialmente pelo psicólogo e
neurocientista de Harvard David Goleman, com seu conhecido livro A
Inteligência emocional (QE = Quociente Emocional).
Empiricamente mostrou o que era convicção
de toda uma tradição de pensadores, desde Platão, passando por Santo Agostinho
e culminando em Freud: a estrutura de
base do
ser humano não é razão (logos) mas é emoção (pathos). Somos,
primariamente, seres de paixão, empatia e compaixão, e só em seguida, de
razão. Quando combinamos QI com QE conseguimos nos mobilizar a nós e a
outros.
A terceira
é a inteligência espiritual. A prova empírica de sua existência deriva
de pesquisas muito recentes, dos últimos 10 anos, feitas por neurólogos,
neuropsicólogos, neurolingüistas e técnicos em magnetoencefalografia
(que estudam os campos magnéticos e elétricos do cérebro). Segundo esses
cientistas, existe em nós, cientificamente verificável, um outro tipo
de inteligência, pela qual não só captamos fatos, idéias e emoções, mas
percebemos os contextos maiores de nossa vida, totalidades
significativas, e nos faz sentir inseridos no Todo. Ela nos torna
sensíveis a valores, a questões ligadas a Deus e à transcendência. É
chamada de inteligência espiritual (QEs = Quociente espiritual), porque é
próprio da espiritualidade captar totalidades e se orientar por visões
transcendentais.
Sua base empírica reside na biologia dos neurônios. Verificou-se cientificamente que a experiência unificadora
se origina de oscilações neurais a 40 herz, especialmente localizada nos lobos temporais. Desencadeia-se, então,
uma experiência de exaltação e de intensa alegria como se estivéssemos diante de uma Presença viva.
Ou inversamente, sempre que se abordam temas religiosos, Deus ou valores que concernem
o sentido profundo das coisas, não superficialmente, mas num envolvimento sincero,
produz-se
igual excitação de 40 herz. Por essa razão, neurobiólogos como
Persinger, Ramachandran e a física quântica Danah Zohar batizaram essa
região dos lobos temporais de ''o ponto Deus''.
Se assim é, podemos dizer em termos do processo evolucionário: o universo evoluiu, em bilhões
de anos, até produzir no cérebro o instrumento que capacita o ser humano perceber a Presença de Deus,
que sempre esteve lá embora não perceptível conscientemente. A existência desse ''ponto Deus'' representa
uma vantagem evolutiva de nossa espécie humana.
Ela constitui uma referência de sentido para a nossa vida.
A espiritualidade pertence ao humano e não é monopólio das religiões.
Antes, as religiões são uma das expressões desse ''ponto Deus''.
Fonte -
WEBSITE: www.ade-sergipe.com.br
Leonardo Boff
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