Outro dia fui repreendido por uma advogada porque não a chamei de “doutora”. Um amigo me contou que ficou esperando duas horas para que lhe fosse entregue um cheque que estava pronto sobre a mesa de um diretor. Ao entregá-lo, a secretária lhe disse: “O cheque está pronto há muito tempo. É que o meu diretor gosta de deixar as pessoas esperando para se fazer de importante”.
Um agente de viagens me contou que há clientes que fazem absoluta questão de sentar nos primeiros assentos do avião, pois acham que sentar na frente é questão de status. Numa oficina, um mecânico me disse que o “Dr. Fulano” não aceita esperar um minuto sequer. A mesma coisa ouvi de um frentista de posto de gasolina: “Aquela mulher não suporta esperar que atendamos outra pessoa em sua frente. Ela quer que a gente pare de atender a outra pessoa para atendê-la”. Maitres e garçons ficam abismados de ver que há clientes que não vão ao restaurante se a “sua” mesa estiver ocupada. Uns assistem uma palestra sobre vinhos e se acham os maiores especialistas em enologia.Outros fazem questão absoluta de serem atendidos pelo dono do restaurante e não por garçons. Alguns não admitem que seu “carrão” vá para o estacionamento. Exigem que ele fique estacionado defronte ao restaurante - mesmo que não haja vagas. Tal hóspede só fica na suíte 206. “Se ela estiver ocupada ele fica uma fera”, disse-me o gerente do hotel..."O presidente só toma café nesta xícara”, confidenciou-me a copeira da empresa. “Quando a anterior quebrou não encontramos no Brasil. Daí um diretor trouxe outra igual da França...”.
Esta lista de exigências não teria fim se quiséssemos esgotá-la. Por que certas pessoas sentem tanta necessidade de status? Alain de Botton estuda esse desejo exacerbado no livro que leva o nome desta mensagem: “Desejo de Status”. O autor analisa o “esnobismo” contemporâneo como forma de vencer o anonimato e a falta de conteúdo das pessoas neste mundo de aparências em que vivemos. Vale a pena ler.
O mundo já está complicado demais para que as pessoas ainda vivam buscando status... Pessoas esnobes, desejosas de deferências e rapa-pés, glamour, parecem não compreender que estamos no século XXI e não no XIX. Fico impressionado ao ouvir relatos de pessoas que fazem exigências absurdas, atendimentos especiais, privilégios no ambiente de trabalho.
Veja se você não está sendo vítima de um desejo exagerado de status e fazendo exigências descabidas de serviços e atenções, tornando-se arrogante e esnobe. Faça uma auto-análise para não haver chance de cair no ridículo e ser motivo de chacota das pessoas que lhe atendem ou convivem com você, que riem de sua insegurança assim que você deixa o ambiente, crente que está abafando... Hoje você pode estar “por cima da carne seca”. Mas amanhã poderá estar por baixo...
Luiz Marins
Aspirando liberdade e glória, algemamo-nos à paixão escravizante e ao defeito perturbador.
Contigo aprendemos que vencedor é aquele que serve, feliz é aquele que doa, fiel é aquele que renuncia.
Não obstante, disputamos, nos combates aguerridos da inferioridade, os primeiros lugares; nos banquetes da fatuidade sem nos darmos conta de que Tu, Senhor, Excelso Governador da Terra, abandonaste, um dia, o sólio do Empíreo para refugiar-TE na manjedoura, ensejando-nos a madrugada imperecível que traça o rastro luminoso desde o presépio de Belém à cruz de Jerusalém, a fim de dizer-nos que a ressurreição gloriosa é contingência inevitável da morte, em sombras, para o dia imorredouro da plenitude.
Abençoa-nos, portanto, Senhor, aos discípulos que Te desejamos servir e amar, construindo, no mundo, a Era Nova que o Teu Evangelho restaurado nos traz, a fim de que possamos, no termo da jornada, dizer como o converso de Damasco:
Já não sou eu quem vive, mas Tu, Senhor, vives em mim.
Bezerra de Menezes
"A prece segundo os Espíritos"
Abençoa-nos, servos imperfeitos que reconhecemos ser, na longa trilha do processo de nossa evolução.
Encontramo-nos emaranhados em nosso pretérito, onde os espículos da imperfeição acicatam as nossas necessidades.
Deslumbrados pelo sol da madrugada nova, comprazemo-nos na noite demorada que nos retém, chafurdados na incompreensão e no desequilíbrio.
Prometendo renovação e paz, detemo-nos na intriga e na desídia.
Buscando o planalto da redenção, retemo-nos no pantanal do vício.
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