NOSSA HISTÓRIA

NOSSA HISTÓRIA

Grupo Espírita Mensageiros da Luz

CNPJ 13.117.936/0001-49

Fundada em 18 de junho de 1985 . Nossas atividades se iniciaram na sede do Clube Cultural dos Violeiros de Gravataí onde fomos recebidos com muito carinho e respeito. Ali desenvolvemos os trabalhos de estudo doutrinário e formação de grupos de trabalhos. Procedente do Grupo Espirita Nosso lar em Gravataí, onde participei por 4 anos como voluntário e palestrante, eu, Carlos Eduardo Muller, resolvi fundar nossa casa espírita no Parque dos Anjos . Foi uma tarefa executada com muita alegria e acompanhada de pessoas interessadas em desenvolver um grupo de estudos para que posteriormente a casa prestasse atendimento ao público. Nosso grupo contou inicialmente com a irmã Bernadete Antunes, irmã Kátia Pisoni, irmã Maria Guiomar, irmã Ieda R. Rosa, irmã Elisabete, irmão Miguel Cardoso, irmão Everton da Silva Cardoso, irmã Eni, e dirigindo as atividades eu, Carlos Eduardo Muller. Foram 13 anos de muito aprendizado neste local, e nenhuma dificuldade nos impediu de impulsionar cada vez mais a Doutrina Espírita, pois somente através de muito esforço conseguiríamos atingir nosso objetivo: Ter uma casa Espírita com irmãos preparados espiritualmente e conhecedores da doutrina ditada pelos espíritos a Allan Kardec. Só o fato de manter um grupo em plena atividade ja era uma vitória. Todos sabíamos das responsabilidades em conduzir um trabalho 100% filantrópico. Como em todas as casas espíritas, tambem a nossa sofria e sofre com a rotatividade de colaboradores, fato compreendido por todos nós espíritas. Foram muitos os colaborabores que passaram e contribuiram de alguma forma para o crescimento do grupo. Por opção, alguns foram em busca de outros grupos e outros não conseguiram acompanhar as atividades pelo tamanho da responsabilidade que nos é dada.

Neste período criamos o programa " UM DIA SÓ PRA MIM " normalmente promovido a cada ano. São encontros promovidos com intuito de reunir pessoas da comunidade e outros grupos espíritas durante um dia inteiro com palestras variadas e trocas de informações e sugestões pelos participantes. Neste dia todos se manifestam de alguma forma no sentido de fortalecer os laços que nos unem. O primeiro encontro foi realizado na casa da irmã Eni onde tivemos a participação de aproximadamente 60 pessoas da comunidade e outros grupos. A partir deste, passamos a executar o programa anualmente. Dentre os palestrantes que nos auxiliaram nestes encontros tivemos Nazareno Feitosa procedente de Brasília DF, que aproveitando nosso evento tambem promoveu palestras em casas espíritas de Porto Alegre . Tambem contamos com a participação do dr. José Carlos Pereira Jotz que nos brindou com esposições tendo como tema medicina e saúde .

Em 1998 surgiu a oportunidade de mudança de endereço. Foi só a partir deste ano que conseguimos então organizar melhor as atividades do grupo. Foi uma experiência valiosa. Promovemos a partir de então campanhas de arrecadação de roupas e alimentos para irmãos em dificuldades e quando possível fazíamos o Sopão Comunitário para famílias mais nescessitadas.

Mas foi somente em 31 de julho de 2007 que o Grupo Espírita Mensageiros da Luz foi definitivamente registrado , tendo então uma diretoria formada e um estatuto social . Nesta data em assembléia realizada com a participação de 30 pessoas foi dado posse após votação unânime a diretoria da Sociedade Espírita Mensageiros da Luz, tendo como Presidente a irmã Maira Kubaski de Arruda e como vice Carlos Eduardo Muller. Participaram desta Assembléia , votaram e foram considerados oficialmente Sócios Fundadores as seguintes pessoas: Alexandre Fabichak Junior, Iliani Fátima Weber Guerreiro, Maira Kubaski de Arruda, Alex Sander Albani da Silva, Alexsandra Siqueira da Rosa Silva, Xenia Espíndola de Freitas, Terezinha Richter, Valéria Correia Maciel, Richeri Souza, Carla Cristina de Souza, Miriam de Moura, Maria Guiomar Narciso, Neusa Marília Duarte, Elisabete Martins Fernandes, Leandro Siqueira, Paulo dos Santos, Carlos Eduardo Muller, Camila Guerreiro Bazotti , Sislaine Guerreiro de Jesus, Luiz Leandro Nascimento Demicol, Vera Lucia de Oliveira Nunes, Ieda Rocha da Rosa, Marlon Esteves Bartolomeu, Ricardo Antonio Vicente, Miguel Barbosa Cardoso, Everton da Silva Cardoso, Maria Celenita Duarte, Vera Regina da Silva, Rosangela Cristina Vicente, e Bernadete Antunes. Todos os atos foram devidamente registrados em cartório e constam no livro ata de fundação, sob o número 54822 do livro A-4 com endossamento jurídico do Dr. Carlos Frederico Basile da Silva, advogado inscrito na OAB/RS 39.851.

Durante os meses de maio e junho de 2011 nossa casa promoveu com apoio da Federação Espirita do Rio Grande do Sul e da Ume, um curso de desenvolvimento Mediúnico ministrado as quintas feiras das 19 as 21 horas. Tivemos em média 40 participantes por tema ministrado com a inclusão de mais 4 casas espíritas de Gravataí , alem dos trabalhadores da nossa casa, fortalecendo desta forma os laços de amizade, assim como , o aperfeiçoamento de dirigentes e o corpo mediúnico das Casas Espíritas.

Hoje, nossa Casa Espírita assume uma responsabilidade maior e conta com grupo de estudos, atendimentos de passes isolado e socorro espiritual, magnetismo, atendimento fraterno , evangelização infantil, palestras, Cirurgias Espirituais (sem incisões), prateleira comunitária (arrecadação de alimentos e roupas para famílias carentes),, bem como leva ao público em geral informações valiosas através do nosso blog:
www.carlosaconselhamento.blogspot.com

Departamentos

DIJ - Depto da Infância e Juventude
DAFA- Depto da Família
DEDO - Depto Doutrinário
DECOM- Depto de Comunicação Espírita
DAPSE - Depto de Assistência Social Espírita
DP -Departamento Patrimonial



QUEM SOU EU E O QUE APRENDÍ

QUEM SOU EU E O QUE APRENDI
Alguem que busca conquistar a confiança no ser humano para poder acreditar que o mundo pode ser melhor.Aprendi que, por pior que seja um problema ou uma situação, sempre existe uma saída.Aprendi que é bobagem fugir das dificuldades.Mais cedo ou mais tarde,será preciso tirar as pedras do caminho para conseguir avançar.Aprendi que, perdemos tempo nos preocupando com fatos que muitas vezes só existem na nossa mente.Aprendi que, é necessário um dia de chuva,para darmos valor ao Sol. Mas se ficarmos expostos muito tempo, o Sol queima. Aprendi que , heróis não são aqueles que realizaram obras notáveis. Mas os que fizeram o que foi necessário ,assumiram as consequências dos seus atos. Aprendi que, não vale a pena se tornar indiferente ao mundo e às pessoas.Vale menos a pena, ainda,fazer coisas para conquistar migalhas de atenção. Aprendi que, não importa em quantos pedaços meu coração já foi partido.O mundo nunca parou para que eu pudesse consertá-lo. Aprendi que, ao invés de ficar esperando alguém me trazer flores,é melhor plantar um jardim.Aprendi que, amar não significa transferir aos outros a responsabilidade de me fazer feliz.Cabe a mim a tarefa de apostar nos meus talentos e realizar os meus sonhos. Aprendi que, o que faz diferença não é o que tenho na vida, mas QUEM eu tenho.E que, boa família são os amigos que escolhi.Aprendi que, as pessoas mais queridas podem às vezes me ferir.E talvez não me amem tanto quanto eu gostaria,o que não significa que não me amem muito,talvez seja o Maximo que conseguem.Isso é o mais importante. Aprendi que, toda mudança inicia um ciclo de construção,se você não esquecer de deixar a porta aberta. Aprendi que o tempo é muito precioso e não volta atrás.Por isso, não vale a pena resgatar o passado. O que vale a pena é construir o futuro.O meu futuro ainda está por vir.Foi então que aprendi que devemos descruzar os braços e vencer o medo de partir em busca dos nossos sonhos.



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Doutrina Espírita

Doutrina Espírita

sexta-feira, 14 de maio de 2010

NOS SERVIÇOS DO CONSOLADOR

EXTRAIDO DE :DRAMAS DA OBSESSÃO

YVONE DO AMARAL PEREIRA

DITADO PELO ESPÍRITO ADOLFO BEZERRA DE MENEZES

CAPÍTULO 1





Acerca desse sexto sentido que toda a Humanidade possui, a despeito de a maioria dos homens ignorar que o possui, uma vez que se desconhecem estes a si próprios, relatarei um fato que ficará como exemplo, ou padrão, para quantos análogos o leitor encontrar nos noticiários macabros da imprensa mundial, como da imprensa bra­sileira em particular, visto que, ao que se observa, os portes mediúnicos são ainda mais vastos no Brasil do que em outros agrupamentos terrenos, mais suscetível o seu povo, portanto, por mais apaixonado e vibrátil, de se deixar influenciar pelo Invisível.



Será esse dom entre a grande massa dos brasileiros, porém, um defeito? Será uma qualidade?



Diremos tão somente, furtando-nos a uma aprecia­ção precipitada, que apenas se trata de um dom natural, e que ao seu portador cumpre não torná-lo causa de dissabores ou prejuízos para si ou para os outros, sem avançarmos na assertiva de que seja uma felicidade ou uma desdita o fato de possuí-lo.



A nós, no entanto, os trabalhadores do plano espi­ritual, cumpre o dever de esclarecer o leigo, como o espí­rita, de que a dita propriedade deverá ser cultivada sob princípios honestos e rigorosos, a fim de que não venha a se tornar motivo de desordem na boa harmonia íntima ou social do seu portador.



Um homem poderá possuir, por exemplo, dons lite­rários, o que é sempre admirável, enobrecedor.



Na hipó­tese de não os cultivar honestamente, dirigindo-os sob princípios consagrados de Arte, Moral e Beleza, poderá desvirtuá-los e até servir com eles à deseducação dos leitores, contribuindo para o rebaixamento mental, moral e intelectual dos mesmos se, em vez de obras excelentes, passar a produzir literatura amoral, frívola, perniciosa ou gramaticalmente bastarda, enquanto a si mesmo se degradará, tornando-se indigno deles.



A palavra, vibração divina do Pensamento, o qual, por sua vez, será a essência do próprio Ser Supremo refletida na sua criatura, foi concedida ao homem pelas leis eternas da Natureza, para facilitação do seu pro­gresso e engrandecimento, recurso precioso com que alindará a própria personalidade, para atingir finalida­des gloriosas. Não obstante, há Espíritos que reencar­nam padecendo a penalidade da mudez, porque dela se serviram, no Passado, para intrigas e calúnias, blasfê­mias e insultos, discursando impropriamente, ainda, dian­te de assembleias numerosas, para incentivarem o erro e o crime, a hostilidade e a revolta, a inquietação coletiva e o assassínio nas guerras e até mesmo o desrespeito à idéia de Deus!



De forma idêntica será o sexto sentido de que tra­tamos, isto é, a intuição, ou a mediunidade em geral: — É um dom, eis tudo! concedido pela Criação para a edificação, o progresso e a felicidade do seu portador, passível de progredir em possibilidades através do exer­cício, do tempo e das reencarnações, algo mais delicado, profundo e superior que os demais sentidos e que neces­sitará ser devidamente amado, respeitado e cultivado dentro dos postulados da Moral, da Justiça, do Amor e da Fé, a fim de que não se anule, como se anularia a visão de uma criatura que desde o nascimento vivesse às escuras, e se não resvale ao choque das impurezas humanas. Isso mesmo já vo-lo expôs com clareza abso­luta o Instrutor por excelência da Terceira Revelação, encarnado na prudência e na austeridade de Allan Kardec. Mas porque vimos decifrando certa inércia mental entre os aprendizes atuais da mesma Revelação, eis-nos ade­rindo a um movimento de reexplicações daquilo mesmo que há um século foi dito e que agora procuraremos algo encenar ou romantizar, a fim de divertir uma geração enquanto tentamos instruí-la no melindroso assunto, ge­ração que não dispensa a positivação dos exemplos. Aliás, o exemplo será, efetivamente, o melhor método... e gostamos de aplicá-lo sempre que no-lo permita o en­sejo, por mais fácil reter o aprendiz, na memória, o ensi­namento necessário, através dele. Há dois mil anos, o Mestre da Seara em que militamos criou a suavidade das Parábolas, cujos atraentes rumores ainda ecoam em nossa sensibilidade, ensinando-nos lições inesquecíveis. Seus obreiros do momento criam, ou traduzem da realidade da vida cotidiana, tal qual Ele o fêz, a exemplificação dos romances, ou lições romantizadas, expondo teses ur­gentes, ensinamentos indispensáveis, no sabor de uma narrativa da vida comum. É o mesmo método de há dois mil anos, criado pelo Divino Mestre, para instrução urgente e fácil das massas...



Assim sendo, o caso que vos contarei em Seguida é perfeitamente verdadeiro e não uma ficção. Corrobora ele a assertiva de que a mediunidade é dom natural que convirá ao seu portador não ignorar que a possui, mas sim estudá-la, aceitá-la, cultivá-la, educá-la em princípios sérios a fim de se eximir a perigos fatais.



A personagem, aqui figurada com o nome de Leonel, possuía dons mediúnicos.

Porém, tratando-se de um livre-pensador, cujo orgulho repudiava qualquer tendência para as questões metafísicas, e que ao Espiritismo pre­feria ridiculizar num combate chistoso e desprezível, ignorava-se a si mesmo, desconhecendo, voluntariamente, que em sua própria natureza humana carregava a pos­sibilidade de se deixar influenciar e dirigir pelos habi­tantes do mundo invisível, cuja existência absolutamente não admitia.





Assim sendo, passemos à sua atormentada história ao lado dos seus perseguidores judeus do plano invisível.





CAPÍTULO 2





Pelo terceiro decênio deste século 20, eu atendia ao honroso mister de conselheiro e médico espiritual em certo Posto de Assistência aos Necessitados, para recei­tuário e beneficências físicas, morais e espirituais, anexo a um Grêmio de aprendizes espírita dedicadíssimos aos deveres abraçados perante o Evangelho, os quais se devo­tavam aos serviços de socorro ao próximo, inspirados num sentimento de fraternidade verdadeiramente encan­tador, e cuja singeleza de caráter, atingindo as raias da humildade cristã, para eles atraía as simpatias do Além esclarecido e virtuoso.





Os serviços em geral, verificados nesse núcleo, pro­gramados pelo venerando Espírito de Bitencourt Sampaio, através de um médium explícito e positivo, eram diários e muito eficientes, o que sobremodo nos satisfazia por nos permitir ensejos variados na difusão e prática dos serviços do Consolador.



Era meu assistente, por esse tempo, uma entidade em aprendizado, atualmente reencarnada, generosa e de­dicada, que adotara o prenome de Roberto, conquanto essa não fôsse realmente a sua identidade, além de outros que não precisaremos nomear.



Certa noite, após o receituário, deteve-se o médium, responsável pelo gabinete em que se processava o melin­droso mandato, na súplica ardorosa para visitação espi­ritual a um ambiente doméstico atacado de singulares manifestações de provação, intensas e dolorosas.



Uma car­ta chegara do Sul do país às mãos do médium, enviada pela caridosa gentileza de um famíliar do mesmo ins­trumento, solicitando seus préstimos de intermediário entre os poderes invisíveis e a Terra para alívio de cria­turas que se debatiam contra torrentes de desesperações positivamente irremediáveis por outra forma. Leu-a o médium para mim, por entre as irradiações da prece ca­ritativa... e eu, captando o assunto através de suas vibrações, decalquei-a em minha mente desde então, ar­quivando-a de molde a me permitir hoje reerguê-la dos escombros mentais, a fim de transcrevê-la neste mo­mento. Particularizava-Se a missiva pela exposição se-guinte:





— “Rogo algo tentares, como espírita que és, a benefício da família do nosso amigo Leonel. Passam-se fatos verdadeiramente desorientadores, deixando perple­xos os amigos da casa. Desde a morte do pobre Leonel, verificada, como sabes, por um suicídio em tão trágicas condições, a família inteira sente ímpetos para o suicidio. Não ignoras que sua filha Alcina suicidou-se também, dez meses depois dele próprio. Agora é seu filho Orlando que deseja morrer, havendo já tentado algumas vezes o ato terrível! Vivem todos a chorar, desesperados, sem ânimo para a continuação da existência. Somente a viúva de Leonel consegue algo de estimulante para se impor à situação, que é a mais anormal possível. A miséria lhes bate à porta, pois nada possuem e ninguém, senão ela, trabalha. Finalmente, peço-te que rogues a Deus por eles, já que cultivas a fé em teu coração, porqüanto a Terra é impotente para deter a avalanche de desgraças que sobre essa pobre gente se arremessou.



Ora, minutos antes de iniciado o meu expediente no referido Centro, fora eu prevenido de que essa carta havia sido escrita ao meu médium e, portanto, recebi-a sem surpresa, através deste.



Procurara-me uma entidade espiritual denominada Ester, formosa e redimida, cujo aspecto angelical atraía veneração de quantos se lhe aproximassem, a qual me asseverara haver inspirado a carta a quem a escreveu, assim provocando o trabalho que faríamos, visto estar ligada aos obsessores de Leonel e a este próprio por laços espirituais seculares, e que, agora, apresentara-se o momento oportuno de agir em socorro da falange litigante. Rogava, por isso, nosso concurso, uma vez que não poderia operar sosinha, e ainda porque os serviços de Além-Túmulo são produtos de equipe e jamais de um trabalhador isolado.



Ambos os apelos — o de Ester e o da carta — eram impressionantes e impossível seria não atendê-los, ten­tando algo a benefício dos sofredores. Os serviços fica­ram, assim, sob meu critério, dadas as minhas atividades naquele núcleo espírita, muito embora fraterno concurso alheio me coadjuvasse.



Submeti o aparelho mediúnico à letargia branda do transe, mantendo-o a mim ligado pela troca das vibrações necessárias à comunicação que se processava; arregimentei os assistentes espirituais auxiliares, de plantão no Centro naquela noite, e partimos para o endereço apontado, em inspeção indispen­sável. Impossível, porém, nos fora ali penetrar pelos meios comuns, tal a densidade vibratória asfixiante do recinto, o clima obsessor que expandia malefícios em derredor do lar sinistrado pela onda de tragédia que a ele se adaptava. Eu levara, no entanto, em nossa comi­tiva, um indígena brasileiro da raça Tamoio, Espírito hábil, honesto e obediente, que voluntariamente se asso­ciara à nossa falange, desejando servir ao Bem, e mais o nosso assistente Roberto, a quem eu muito amava e em quem confiava plenamente. Ambos ali penetraram, sacri­ficando a própria harmonia vibratória, a fim de se intei­rarem minuciosamente do que realmente se passava.



Retornaram logo após ao Posto Mediúnico de onde haviam partido, chocados e ansiosos.



E Roberto, que chefiava a expedição, tomou a palavra (transmitiu as irradiações mentais), desincumbindo-se do noticiário so­bre o reconhecimento efetuado:





— Trata-se de um caso de obsessão coletiva simples, meu caro irmão... carente de intervenção imediata de socorro espiritual, a fim de que se evitem outros suicídios na família... São, quase todos os membros dessa nume­rosa família, constituída do velho casal e dez filhos me­nores, portadores de faculdades mediúnicas ignoradas... Não cultivam o estudo edificante para o saneamento mental, nem a meditação sobre assuntos elevados do espírito, e tão-pouco a prece.... tornando-se, por isso mesmo, campo raso para os assédios das trevas.... pois que também não alimentam sentimentos religiosos de qualquer espécie, apenas afetando um interesse conven­cional pela crença católica romana..





— Dizes, pois, meu caro Roberto — intervim, pro­curando inteirar-me dos detalhes a fim de melhor esta­belecer o programa de operações beneficentes — ter havido, com efeito, mais de um suicídio no seio dessa pobre família?...



— Sim! Inteirei-me de que o chefe da mesma família, de nome Leonel, pôs termo à existência terrena, des­fechando um tiro de revólver no ouvido direito, e que sua filha primogênita, jovem de vinte primaveras, lhe imitou o gesto alguns meses depois, servindo-se, porém, de um tóxico violento... Inteirei-me ainda de que outro filho seu, de quinze anos de idade, tentou igualmente o sinistro ato, salvando-se, no entanto, graças à ação pres­timosa de amigos agilíssimos, que evitaram fôsse ele colhido por um trem de ferro, pois o tresloucado lançou-se aos trilhos, enfrentando o comboio, que se aproximava...



— E como te inteiraste de que se trata de ação obsessora simples, sobre médiuns que ignoram estar sob influências maleficentes da sugestão extraterrena, visto que vivem alheios aos fenômenos e às observações espíritas?...



— Vimos ambos os suicidas ainda retidos no pró­prio teatro dos acontecimentos: — Leonel, vagando, de­solado e sofredor, a bradar por socorros médicos, traindo nas próprias repercussões vibratórias o gênero da morte escolhida sob pressões invisíveis... e Alcina, a filha, com o perispírito ainda em colapso, desmaiada sob o choque violento do ato praticado... Distinguimos tam­bém os obsessores...



— E como se apresentam estes?... Odientos, vingativos?... Sofredores, que destilam o vírus mental e vibratório contundente, sem saberem o que fazem?... Afeiçoados às vítimas por simples afinidades de caráter, ou índole?... pois sabemos que até mesmo um senti­mento de amor — ou paixão — mal orientado ocasionará desastres como esses...



— Não, Senhor! — explicou vivamente o dedicado assistente. — Trata-se de algo ainda mais doloroso! São ódios, vinganças pessoais de um passado que se me afigura intensamente dramático!



Os obsessores perten­cem às falanges do antigo judaísmo! Ainda conservam nas irradiações mentais, refletindo sobre a sensibilidade do perispírito, as sombras, as imagens, mui concretiza­das, da indumentária usada pelos judeus de Portugal, pelo século XVI... Eu também vivi nessa época, meu caro irmão, na Espanha como em Portugal.... pertenci igualmente ao judaísmo... e fácil me foi compreender o amargor da situação que acabo de presenciar...





Compreendi, efetivamente, ser gravíssima a situação de encarnados e desencarnados enleados em tão incomo­dativas teias, situação que bradaria por intervenção enér­gica e imediata.

CAPÍTULO 3





No Além existem regras de trabalho admiravelmente estabelecidas, equivalentes a leis, mediante as quais os trabalhadores do Bem poderão tomar as providências que a sua responsabilidade, ou competência, entenderem devidas e necessárias.



Geralmente aplicam-nas, as provi­dências, Espíritos investidos de autoridade, espécie de chefes de Departamento ou de secção, tal como os entendem os homens, sem que para tanto sejam necessários entendimentos prévios com outras autoridades superio­res, ou seja, o regime da burocracia, de que os homens tanto abusam nas suas indecisões, e o qual é desconhe­cido no Espaço. De outro modo, encontrando-se os re­feridos serviços do Invisível sob a jurisprudência da fraternidade universal, quaisquer servidores estarão em condições de resolver os problemas que se apresentam no seu roteiro, desde que para tanto investidos se encon­trem daquela autoridade que, no Além, absolutamente não é o cargo que confere, mas o equilíbrio consciencial e moral de que disponham.



Tendo a meu cargo um desses setores de serviço que, pela magnanimidade do Senhor e Mestre, me fora confiado como estímulo e bendito ensejo para os labores de que me adviria o progresso pessoal, do qual tanto carece o meu Espírito, não vacilei nas medidas a tomar, visando a evitar novo caso de suicídio naquela família, desgraça que, através do impressionante relatório do meu jovem assistente, pressenti iminente no referido domicí­lio.... porqüanto, além dos inimigos obsessores, sombrios e odiosos desde quatro séculos, existia ainda a permanên­cia dos dois suicidas citados, cuja pressão magnética inferior, corrosiva, por si só seria passível de contágio mental nos demais afins, levando-os, sem mesmo disso se aperceberem, a imitar-lhes o gesto.



O suicídio não é uma lei, não sendo, por isso mesmo. imposto a quem quer que seja pela harmoniosa legislação divina, como o seriam, por exemplo, o resgate e a repa­ração da prática de um ato mau ou a morte natural do corpo físico terreno. Contràriamente, ele é ato reprová­vel pela mesma legislação, da inteira responsabilidade de quem o pratica. E crede, meus amigos, conquanto o coeficiente dos suicídios no vosso planeta se apresente calamitoso, os obreiros do Mundo Invisível tudo tentam para dele desviarem os homens, fazendo-o com muito enternecida boa vontade! Cumpre, no entanto, a estes cooperarem com aqueles a fim de que tão complexo male­fício, atestado deplorável da inferioridade humana, seja definitivamente banido da sociedade terrena.



* * *



Voltei as atenções para o médium que solicitara assistência para o momentoso fato, e aconselhei, psico­gràficamente:



— “Reuni vossos companheiros mais afins para uma sessão íntima, amanhã, extraordinária, especial, para tra­tarmos desse caso, O menor número de adeptos possível. e absolutamente nenhuma assistência, senão apenas o presidente e os seus médiuns. Não prescindiremos da vossa colaboração fraterna. Meditai e orai, a fim de vos equilibrardes em harmonizações com as forças benfa­zejas do Alto, pois estareis exercendo a Fraternidade no que de mais sublime e real ela encerra, visto que con­jugareis esforços na prática de operações transcenden­tais, cujo instrutor maior é o próprio Mestre da Huma­nidade, o Senhor Jesus-Cristo!”



Eu sabia que aqueles singelos, mas dedicados apren­dizes, acatariam fielmente as minhas recomendações, por­tando-se à altura da confiança que neles depositávamos, e despreocupei-me dessa particularidade, certo de que — ambiente doutrinário, faculdades mediúnicas a con­tento, amor ao trabalho, boa vontade em servir ao Bem servindo ao sofredor, circunspecção nos atos — todos os dispositivos, necessários aos grandes feitos espíritas, en­contraríamos nas personalidades daquele punhado de dis­cípulos cujos labores se verificavam continuamente sob rigorosa vigilância espiritual. Encerrei, portanto, mi­nhas atividades no referido Centro, por aquela noite, e observei a Roberto:



— “Perseverai, tu e Peri, por afastardes do cenário famíliar de Leonel o chefe dos obsessores em primeiro lugar — pois certo estava eu de que a obsessão coletiva, exercendo ação múltipla, dispõe sempre de um orientador, que será o mais inteligente ou cruel dentre os obses­sores, com ascendência irresistível sobre os demais. — Defende-o, aprisionando-o até novas instruções, no re­cinto deste mesmo Centro, cuja ambiência respeitável, legítimamente apropriada para o caso, se acha em con­dições de hospedá-lo. .



Em seguida, indiquei providências para a remoção de Leonel e sua filha do ambiente doméstico para regiões condizentes com suas afinidades, a bem da tranquilidade dos demais membros da família e, outrossim, visando à recuperação de ambos para o estado consciente do Espí­rito desencarnado.



Prontificou-se o meu assistente ao mandato espi­nhoso e partiu acompanhado do amigo Peri. Tais opero­sidades, no entanto, são melindrosas e de difícil realização, para os Espíritos delas incumbidos, tal a catequese aos malfeitores terrenos por missionários cujas armas serão apenas a fé na vitória do Bem e a certeza do auxílio celeste, e cujas insígnias serão a lembrança do sacrifício, na Cruz, do Cordeiro de Deus.



CAPÍTULO 4





Geralmente, a caça a obsessores mui trevosos é levada a efeito por entidades espirituais pouco evolvidas, conquanto já regeneradas pela dor dos remorsos e pela experiência dos resgates, ansiosas pela obtenção de ações meritórias com que adornem a própria consciência, ainda tarjada pela repercussão dos deméritos passados (1).



Efetuam-na, porém, invariàvelmente, sob direção de enti­dades instrutoras mais elevadas, subordinadas todas a leis rígidas, invariáveis, as quais serão irrestritamente observadas. Essas leis são, como bem se perceberá, as normas divinas do Amor, da Fraternidade e da Caridade, que obrigarão os obreiros em ação às mais patéticas e desvanecedoras atitudes de renúncia e abnegação, a fim de que não deixem jamais de aplicá-las, sejam quais fo­rem as circunstâncias. Muitos desses operadores possuem método próprio de agir e os instrutores responsáveis pelo trabalho deixam-nos à vontade dentro do critério das leis vigentes, tal como a equipe de professores que ensinas­sem letras, ciências, etc., mantendo cada um o seu pró­prio método, embora observando todas as leis da peda­gogia ou do critério particular de cada matéria.



O meu jovem assistente era entidade amável e humanitária, que fora médico abnegado em sua última





(1) Os médiuns bastante dedicados à Causa, e cujas expe­rimentadas forças morais e psíquicas lograrem possibilidades, igualmente prestam tais serviços, durante o sono noturno, que os instrutores espirituais tratam de aprofundar quanto possível.



peregrinação terrena, e portadora de fina educação so­cial, visto que pertencera a uma estirpe de nobres europeus. Como Espírito não se especializara propria­mente em casos de obsessão.

Especializara-se, todavia, em casos pertinentes ao suicídio, como resgate, ou repa­ração, de um passado em que igualmente se arrojara a tão nefasto abismo, razão pela qual o víamos agora en­volvido no caso de Leonel. De outro modo, tão amorável e atraente se mostrava essa entidade, tão cativante a sua simpatia pessoal que frequentemente eram requisitados os seus serviços, pelos tutelares do Invisível, para mis­sões de catequese entre Espíritos em geral e também entre obsessores, os quais mais ou menos o acatavam, dispondo-se às suas advertências conselheiras. Todavia, nem sempre a irradiante bondade desse jovem seria suficiente para deter os arremessos do ódio obsessor. Ne­cessárias se tornariam, por vezes, medidas outras, incom­patíveis com a doçura do seu caráter. Então dispúnha­mos de individualidades da categoria de Peri, a qual, bondosa e incapaz de arbitrariedades, exercia a energia militar sempre que necessário como antigo chefe de hordas guerreiras da Arábia, que fora em existência remota e, mais tarde, como cacique da tribo dos Ta­moios (2) . Acresce a circunstância de que as entidades obsessoras tão materializadas permanecem dentro da própria inferioridade de princípios, tão vinculadas ao mal se deixam ficar que, a fim de servi las, auxiliando-as a se deterem no declive em que resvalam, nos obrigare­mos a desempenhos assistenciais igualmente materializados,



(2) O nome Peri encobre individualidade espiritual Indígena, que não desejamos identificar, já reencarnada. Sua existência nas matas brasileiras traduz estágio de repouso e esconderijo necessária para se furtar às continuadas perseguições obsessoras que, como antigo chefe de tribos árabes guerreiras, adquirira com as atrocidades praticadas. Não seria, portanto Espírito primitivo, como também acontecia com muitos outros índios bra­sileiros e escravos africanos no Brasil.



assaz grosseiros para um Espírito. Tratar com tais vultos será como tratar com homens rudes, infe­riores de caráter, embaraçados no apoucamento das pai­xões e dos preconceitos.

Peri era especializado em tarefas tais e possuía mé­todos particulares, os quais aplicava com eficiência, sem­pre que necessário. Trazia às suas ordens pequeno pe­lotão de auxiliares, que, obedecendo-lhe fielmente, tais os milicianos ao seu general, junto dele desempenhavam concurso valioso de proteção ao próximo, enquanto, assim agindo em defesa dos mais fracos, reparavam deslizes graves de um passado reencarnatório remoto, como ex­plicámos para trás.

Dadas que foram ao meu assistente recomendações convenientes, retirei-me para a Espiritualidade, a fim de melhor me orientar sobre as atitudes a tentar em bene­fício das personagens desse drama que se me afigurava profundo.



CAPÍTULO 5





Os métodos para a catequese de obsessores são va­riados, dependendo de circunstâncias especiais, que se subdividem entre a natureza do caráter de cada um, a especialidade do catequista e múltiplas modalidades do momento.



A própria reencarnação é um dos recursos aplicados, pois existem obsessores tolhidos numa reen­carnação para a experiência da catequese, quando, então, todas as facilidades para um aprendizado eficaz das leis do Amor e da Fraternidade lhes serão apresentadas. Muitos, só mais tarde, em encarnações posteriores, esta­rão em fase de reparações e resgates.





Fora necessário, primeiramente, conceder a esses infelizes trânsfugas do dever possibilidades de sofrer, posteriormente, a con­sequência dos seus atos maus, amparados pela resig­nação, pela esperança e o desejo de emenda, a fim de que o seu calvário não se tornasse demasiadamente angustioso e, portanto, contraproducente... pois assim rezam as leis do Amor e da Caridade, a que tais traba­lhos se subordinam. Trata-se, como vemos, de tarefas penosas, complexas, que requerem firmeza de vontade, coragem moral e muito amor à causa por parte da enti­dade instrutora operante, seja desencarnada ou encar­nada.



As leis da Fraternidade, pelas quais se conduzem os obreiros do mundo espiritual, estabelecem assistência incansável ao obsessor, no intuito de convencê-lo à re­forma de si mesmo. Jamais o violentam, porém, a essa meritória atitude, quando o compreendem ainda não pre­parado pela ação fecunda dos remorsos - Existem obses­sões baseadas no ódio e no desejo irrefreável de vingan­ças, insolúveis numa só etapa reencarnatória, as quais serão incomodativas, desesperadoras, podendo levar sé­culos exercendo o seu jugo sobre a vítima, estendendo-o mesmo à vida no Invisível e invertendo o domínio da possessão em existências subsequentes, até que os sofri­mentos excessivos, provenientes de tão ardentes lutas, bem assim a reflexão e o desejo de emenda, obriguem os litigantes à renúncia do passado pela abnegação do porvir, o que os fará reencarnar unidos pelos laços de parentesco muito próximo — constantemente como ir­mãos consanguíneos e até como pais e filhos e mesmo cônjuges — a fim de que mütuamente se perdoem e se habituem a um convívio pessoal, a uma junção famíliar persistente, que, conquanto se apresente como provação e não raro como expiação, acaba por estabelecer vínculos de afetividade, indestrutíveis em suas almas, desapare­cidas, então, completamente, as antigas animosidades -Existem, outrossim, as paradoxais obsessões por amor. Exercem estas, algumas vezes, perseguições igualmente seculares, quando uma das duas partes interessadas per­jurou, falindo nos deveres de fidelidade. Tão cruéis e execráveis se apresentam esses tipos de obsessão por amor ferido e despeitado, quanto o são os motivados pelo ódio, e então grandes dramas, dignos de estudo e comentários, se verificam nas sociedades terrena e espi­ritual, através de situações agitadas, infelizes, que somente o amor de Deus suavizará. E até obsessões se­xuais, quando o atuante invisível, que tanto poderá ser um Espírito denominado “masculino” como um denomi­nado “feminino”, dominar um homem como uma mu­lher, — valendo-se das tendências dos caracteres inclina­dos aos arrastamentos primitivos, às complexidades do sexo, — induzi-la-á a quedas deploráveis perante si mesma, o próximo e a sociedade, tais como o adultério, a prostituição, a desonra irreparável, pelo simples prazer de, através das vibrações materializadas da sua presa, que lhe concede clima vibratório propício, dar livre curso a apetites inferiores dos quais abusou no estado humano e os quais, degradantemente, conserva como desencar­nado, em vista da inferioridade de princípios que gosto­samente retém consigo, o que lhe estimula a mente, inibindo-a do desejo de progresso e iluminação espiritual. Geralmente exercida tão só através da telepatia ou da sugestão mental, é bem certo que o obsessor estabelece uma oculta infiltração vibratória perniciosa, sobre o sis­tema nervoso do obsidiado, contaminando-lhe a mente, o perispírito, os pensamentos, até ao completo domínio das ações. Tais casos se apresentam difícilmente curá­veis, não somente por aprazerem às vítimas conservá-los, como por ser ignorada de todos essa mesma in­filtração estranha, e mais particularmente porque o tra­tamento seria antes moral, com a reeducação mental do enfermo através de princípios elevados, que lhe fal­taram, não raro, desde a infância.



Refutará o leitor, lembrando que, assim sendo, nin­guém terá responsabilidades nos erros que sob tais in­fluências cometer.



Acrescentaremos que a responsabilidade permanecera também com o próprio obsidiado, visto que não só não houve a verdadeira alteração mental como também ne­nhum homem ou mulher será jamais influenciado ou obsidiado por entidades dessa categoria, se a estas não oferecer campo mental propício à penetração do mal, pois a obsessão, de qualquer natureza, nada mais é que duas forças simpáticas que se chocam e se conjugam numa permuta de afinidades.



Prosseguindo, lembraremos ainda certas obsessões de que tratam os Evangelhos, as quais tornam o obsi­diado surdo e mudo, geralmente desde o nascimento ou a infância; e muitas vezes, quando passais por um des­ses infelizes na via pública, longe estareis de compreender que vos encontrais diante de um doente psíquico e não propriamente físico, de um obsidiado, que vem sendo atormentado desde o estágio do Invisível, durante a desencarnação, e cujas consciências e vibrações, acome­tidas de mil prejuízos daí originados, somente conse­guiram modelar para sua reencarnação expiatória um feto — ou corpo — apropriado ao seu demérito cons­ciencial. Casos há curáveis, neste exemplo, com a reti­rada dos algozes, consoante a prática o tem demonstrado. A maioria, no entanto, não será curável, uma vez que ai se enquadrarão também os delatores, os caluniadores do passado, grandes intrigantes, maldizentes e blasfemos, aqueles que abusaram do dom da palavra para desabo­narem o próximo, torturar os corações, escandalizar a sociedade em que viveram. Aqueles a quem destarte feri­ram, incapazes da magnificência do perdão, tornados inimigos poderosos, rodeiam-nos com represálias terrí­veis desde antes da reencarnação, perseguindo-os, muitas vezes, durante etapas longas, mesmo durante séculos. E a lei da Criação assim o permite para que as criaturas, à custa da própria experiência, aprendam a considerar as leis do Dever e da Justiça, únicas que lhes concederão situação digna no seio das sociedades em que viverem.



— “A cada um segundo as próprias obras” — eis a sentença, ou lei, exposta por Jesus, que previne contra infrações tais.



Não obstante, nem sempre os obsessores serão enti­dades absolutamente más. Muitas serão, ao invés, gran­des sofredoras, almas tristes e doloridas, feridas, no pretérito de existências tumultuosas, pela ingratidão e a maldade desses que agora são as suas vítimas, capazes de grandes atitudes afetivas para outrem que não o seu inimigo a quem obsidiam, e não raro também foram homens intelectualmente esclarecidos na sociedade ter­rena, mas a quem escasseou a sublime moral da frater­nidade evangélica. Não deixaremos de lembrar ainda aqueles que são “mandados” por outrem a obsidiar alguém, por antipatias, despeito ou mesmo ódio, ordem que também poderá ser expedida por um desafeto encar­nado, durante o sono corporal. Tais perseguidores agem em torno das suas presas obedecendo, portanto, a ordens de terceiros, sem que a menor animosidade os impelisse ao ato, senão a obediência a uma entidade terrena ou invisível, a quem renderão homenagens e por quem nu­trirão consideração. Serão, então, como uma variante daqueles assalariados terrenos, que, por uma paga, come­teriam qualquer espécie de vileza contra um estranho, de quem nenhuma queixa teriam. A invigilância, o desa­juste mental do obsidiado, na sua vida cotidiana, darão ensejos a tal possibilidade, apresentando-se esse caso, então, como consequência lógica da sua incúria no cum­primento dos deveres e não como inevitáveis resgates ou expiações de vidas pretéritas.



Não esqueçamos daquelas que têm origem no pen­samento de atração da própria vítima, cuja atitude mental reteve junto de si o Espírito de um inimigo ou um rival, de um desafeto ou de um ser querido, os quais, jungidos às suas ondas de atração, de tal sorte se adaptam a elas que terminam por infelicitá-las com sua presença permanente, pois que tais entidades não esta­rão, absolutamente, em condições de beneficiar alguém com as próprias irradiações.



Geralmente curáveis através da prece, da meditação sadia e de uma doutrinação elevada e amorosa, tais obsessões, que melhor qualificaremos de “atuação” ou “assédio”, uma vez combatidas trazem a particularidade de beneficiar melhor o obsessor do que o próprio obsidiado. Este atrairá, fatalmente, novas atuações das som­bras, dado que se não dedique decididamente à prática do bem para a renovação dos próprios valores morais, enquanto aquele, pertencendo a classe humílima do Invi­sível, grandemente sofredor quase sempre, e ignorante de princípios redentores, ferido por injustiças e menos­prezo da sociedade terrena em que viveu, será encami­nhado a um reajustamento conveniente (comumente esse reajustamento será efetivado através da reencarnação), desde que demonstre desejo sincero de emenda, sendo ele mais infeliz e ignorante, conforme acima asseverámos, do que mesmo mau.



A todos esses desarmonizados das leis da Fraterni­dade deverão os servos do Senhor — encarnados e desen­carnados — esclarecer ou proteger com dedicações in­cansáveis, paciência infatigável, desprendimento e desin­teresse, visando não somente a méritos para si próprios, mas, acima de tudo, ao cumprimento de sagrados deveres diante do Todo Poderoso, que estabeleceu a justiça do auxílio do mais forte ao mais fraco, do esclarecido ao ignorante, segundo rezam os dispositivos da lei de amor ao próximo como a si mesmo.



CAPÍTULO 3





No Além existem regras de trabalho admiravelmente estabelecidas, equivalentes a leis, mediante as quais os trabalhadores do Bem poderão tomar as providências que a sua responsabilidade, ou competência, entenderem devidas e necessárias.



Geralmente aplicam-nas, as provi­dências, Espíritos investidos de autoridade, espécie de chefes de Departamento ou de secção, tal como os entendem os homens, sem que para tanto sejam necessários entendimentos prévios com outras autoridades superio­res, ou seja, o regime da burocracia, de que os homens tanto abusam nas suas indecisões, e o qual é desconhe­cido no Espaço. De outro modo, encontrando-se os re­feridos serviços do Invisível sob a jurisprudência da fraternidade universal, quaisquer servidores estarão em condições de resolver os problemas que se apresentam no seu roteiro, desde que para tanto investidos se encon­trem daquela autoridade que, no Além, absolutamente não é o cargo que confere, mas o equilíbrio consciencial e moral de que disponham.



Tendo a meu cargo um desses setores de serviço que, pela magnanimidade do Senhor e Mestre, me fora confiado como estímulo e bendito ensejo para os labores de que me adviria o progresso pessoal, do qual tanto carece o meu Espírito, não vacilei nas medidas a tomar, visando a evitar novo caso de suicídio naquela família, desgraça que, através do impressionante relatório do meu jovem assistente, pressenti iminente no referido domicí­lio.... porqüanto, além dos inimigos obsessores, sombrios e odiosos desde quatro séculos, existia ainda a permanên­cia dos dois suicidas citados, cuja pressão magnética inferior, corrosiva, por si só seria passível de contágio mental nos demais afins, levando-os, sem mesmo disso se aperceberem, a imitar-lhes o gesto.



O suicídio não é uma lei, não sendo, por isso mesmo. imposto a quem quer que seja pela harmoniosa legislação divina, como o seriam, por exemplo, o resgate e a repa­ração da prática de um ato mau ou a morte natural do corpo físico terreno. Contràriamente, ele é ato reprová­vel pela mesma legislação, da inteira responsabilidade de quem o pratica. E crede, meus amigos, conquanto o coeficiente dos suicídios no vosso planeta se apresente calamitoso, os obreiros do Mundo Invisível tudo tentam para dele desviarem os homens, fazendo-o com muito enternecida boa vontade! Cumpre, no entanto, a estes cooperarem com aqueles a fim de que tão complexo male­fício, atestado deplorável da inferioridade humana, seja definitivamente banido da sociedade terrena.



* * *



Voltei as atenções para o médium que solicitara assistência para o momentoso fato, e aconselhei, psico­gràficamente:



— “Reuni vossos companheiros mais afins para uma sessão íntima, amanhã, extraordinária, especial, para tra­tarmos desse caso, O menor número de adeptos possível. e absolutamente nenhuma assistência, senão apenas o presidente e os seus médiuns. Não prescindiremos da vossa colaboração fraterna. Meditai e orai, a fim de vos equilibrardes em harmonizações com as forças benfa­zejas do Alto, pois estareis exercendo a Fraternidade no que de mais sublime e real ela encerra, visto que con­jugareis esforços na prática de operações transcenden­tais, cujo instrutor maior é o próprio Mestre da Huma­nidade, o Senhor Jesus-Cristo!”



Eu sabia que aqueles singelos, mas dedicados apren­dizes, acatariam fielmente as minhas recomendações, por­tando-se à altura da confiança que neles depositávamos, e despreocupei-me dessa particularidade, certo de que — ambiente doutrinário, faculdades mediúnicas a con­tento, amor ao trabalho, boa vontade em servir ao Bem servindo ao sofredor, circunspecção nos atos — todos os dispositivos, necessários aos grandes feitos espíritas, en­contraríamos nas personalidades daquele punhado de dis­cípulos cujos labores se verificavam continuamente sob rigorosa vigilância espiritual. Encerrei, portanto, mi­nhas atividades no referido Centro, por aquela noite, e observei a Roberto:



— “Perseverai, tu e Peri, por afastardes do cenário famíliar de Leonel o chefe dos obsessores em primeiro lugar — pois certo estava eu de que a obsessão coletiva, exercendo ação múltipla, dispõe sempre de um orientador, que será o mais inteligente ou cruel dentre os obses­sores, com ascendência irresistível sobre os demais. — Defende-o, aprisionando-o até novas instruções, no re­cinto deste mesmo Centro, cuja ambiência respeitável, legítimamente apropriada para o caso, se acha em con­dições de hospedá-lo. .



Em seguida, indiquei providências para a remoção de Leonel e sua filha do ambiente doméstico para regiões condizentes com suas afinidades, a bem da tranquilidade dos demais membros da família e, outrossim, visando à recuperação de ambos para o estado consciente do Espí­rito desencarnado.



Prontificou-se o meu assistente ao mandato espi­nhoso e partiu acompanhado do amigo Peri. Tais opero­sidades, no entanto, são melindrosas e de difícil realização, para os Espíritos delas incumbidos, tal a catequese aos malfeitores terrenos por missionários cujas armas serão apenas a fé na vitória do Bem e a certeza do auxílio celeste, e cujas insígnias serão a lembrança do sacrifício, na Cruz, do Cordeiro de Deus.


fonte: Carlos Eduardo Cennerelli

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