O Monte Sinai é uma região considerada sagrada pelo Cristianismo, Judaísmo e Islamismo, localizada ao Sul da península do Sinai, no Egito. É também conhecido como Monte Horeb ou Jebel Musa, que, em árabe, significa “Monte de Moisés”.
Embora exista vasta literatura sobre o decálogo, a forma pela qual se deu o processo de recepção dos ensinos, considerados de origem divina, é desconhecida ou raramente comentada. Poucos estudiosos trataram do assunto especificamente.
Pelos registros bíblicos, em Deuteronômio (5:6-21), após conduzir os israelitas que haviam sido escravizados no Egito, atravessar o Mar Vermelho e se dirigir ao Monte Horeb, na Península do Sinai, ali, no sopé do Monte, as Tábuas da Lei teriam sido escritas diretamente por Deus e entregues a Moisés. Como as duas tábuas originais foram quebradas, – em reação colérica do legislador hebreu diante da observação de que o povo havia construído um Bezerro de Ouro e o adorava – Deus reescreveu outro conjunto de leis, conforme registrado em Êxodo (34:1).
Curiosamente, o decálogo em sua língua original, o hebraico, é constituído de 613 letras, o mesmo número que integra a Torá, o conjunto dos demais ensinos recebidos e registrados por Moisés em pergaminho.
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Qual seria a explicação espírita sobre a inscrição do decálogo nas duas tábuas de pedra?
A Bíblia é um conjunto de livros que constitui o Velho e o Novo Testamento, repletos de fenômenos mediúnicos. Partamos do princípio de que Moisés era médium. Um intermediário entre a Vontade Divina e a liderança daquele povo de Israel, ainda de costumes rudimentares e, às vezes, até bárbaros. O profeta da primeira revelação no Ocidente estava só, no monte, sem a companhia de seus seguidores ou de qualquer outra pessoa. Um “fogo”, resultado de fenômeno mediúnico de efeitos físicos, separava Moisés do povo que teve medo de atravessar as labaredas. Sabemos que, espiritualmente, ele não se encontrava sozinho, pois certamente recebia a influência direta dos planos superiores da vida naquele momento ímpar de concentração individual, que resultaria em algo absolutamente definitivo e transformador para a história religiosa das civilizações ocidentais: a revelação de um Deus único, em oposição à crença pagã comum no politeísmo.
Uma possível interpretação espírita do ocorrido conduziria ao entendimento de que o médium Moisés recebeu pela escrita direta, em tábuas de pedra, o decálogo, um conjunto de dez ensinos sobre o comportamento do ser humano em relação a Deus e a seu próximo.
A pneumatografia (do grego pneuma – sopro ou espírito + graphein – escrever) é termo criado pelo Codificador do Espiritismo para denominar o tipo de fenômeno mediúnico em que um espírito se comunica por via escrita sem o auxílio de um médium escrevente ou psicógrafo. É, também, conhecida por escrita direta.
O fenômeno está classificado pelos Espíritos, em O livro dos médiuns, como mediunidade de efeitos físicos, mesmo contra a opinião de Allan Kardec que o preferiria na classe dos fenômenos de efeitos inteligentes. A explicação é a seguinte:
Os efeitos inteligentes são aqueles para cuja produção o Espírito se serve dos materiais existentes no cérebro do médium, o que não se dá na escrita direta. A ação do médium é aqui toda material, ao passo que no médium escrevente, ainda que completamente mecânico, o cérebro desempenha sempre um papel ativo.
Na pneumatografia, dispensa-se o uso do lápis, como adotado na psicografia, ou do teclado, como mais recentemente empregado na “psicodigitação”. Então, o Espírito escreveria diretamente, sem intermediário, dispensando a “mão” de um médium.
Todavia, não se prescinde da figura do médium, indispensável para a realização de qualquer fenômeno mediúnico, seja de efeitos inteligentes ou físicos. Nestes últimos, o médium doa o ectoplasma, o fluido animalizado, para que o Espírito possa atuar na realidade material.
É o próprio Kardec quem explica na Revista Espírita como o fenômeno se dá:
Para escrever dessa maneira, o Espírito não se serve das nossas substâncias, nem dos nossos instrumentos. Ele próprio fabrica a matéria e os instrumentos de que há mister, tirando, para isso, os materiais preciosos, do elemento primitivo universal que, pela ação da sua vontade, sofre as modificações necessárias à produção do efeito desejado. Possível lhe é, portanto, fabricar tanto o lápis vermelho, a tinta de imprimir, a tinta comum, como o lápis preto, ou, até, caracteres tipográficos bastante resistentes para darem relevo à escrita.
A principal razão para a ocorrência do fenômeno é a comprovação da intervenção de um poder oculto, uma inteligência externa que se manifesta e transmite sua vontade.
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Nada mais adequado para registrar, há cerca de 3,5 milênios, o início da história religiosa monoteísta do que o acontecimento marcante da inscrição direta em tábuas de pedras das leis fundamentais, que continuam até hoje a reger as relações dos homens entre si e com Deus.
Um fenômeno natural, raro certamente, mas especial em sua essência, que contou com a presença dos Espíritos Superiores, segundo a Vontade do Criador e a supervisão do Governador Espiritual da Terra, Jesus.
Ali, naquele momento crucial para a trajetória evolutiva da Humanidade, já se assinalavam os primeiros passos, prenunciando os novos tempos que haveriam de vir, atualmente confirmados pelas luzes do Consolador Prometido.
Referências:
BÍBLIA online.com.br. Disponível em:
DEZ mandamentos. Disponível em:
KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 81. ed., 5. imp. Brasília: FEB, 2016. it. 189.
______. Pneumatografia ou escrita direta. Revista Espírita, v. 2, n. 8, ago. 1859. Tradução de Evandro Noleto. 3. ed., 2. imp. Brasília: FEB, 2009.
Fonte: FEB, autor Geraldo Campetti Sobrinho.
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