Jorge Hessen
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Por
mais respeitáveis sejam as organizações sociais ou programas sociais de
governo, se os militantes e governantes não se identificam com a
probidade, falseá-las-ão e lhes desnaturarão o objetivo para explorá-los
em proveito próprio. Quando os governantes forem honrados e íntegros
moralmente, farão boas instituições e elas serão duráveis, porque todos
terão interesse em sua conservação. Segundo Allan Kardec “a questão
social não tem o seu ponto de partida na forma de tal ou tal
instituição; está inteiramente no aperfeiçoamento moral dos indivíduos e
do povo. Aí está o princípio, a verdadeira chave da felicidade da
sociedade, porque então os homens não pensarão mais em se prejudicarem
uns aos outros. Não basta colocar um verniz sobre a corrupção, é preciso
extingui-la”. [1]
Nessas reflexões de Rivail comentaremos sobre a célebre “Operação Lava Jato” que desvendou aos olhos dos brasileiros um
esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais (algo
acima de R$ 40 bilhões, dos quais R$ 10 bilhões em “propinas”) . É
considerado pela Polícia Federal como a maior investigação de corrupção
da história do país. Os inquéritos estão provocando uma "revolução" na
sociedade brasileira e têm sido muito bem conduzidos por aguerridos
patriotas, sóbrios e incorruptíveis. As sentenças têm sido decisivas e
vão alcançando altos executivos, alguns já condenados a passar 15 ou 20
anos na prisão.
Há
mais de uma década, na cidade mexicana de Mérida, mais de 110 países
assinaram a Convenção Nações Unidas contra a Corrupção. [2] O referido
acordo prevê a cooperação para a recuperação de somas de dinheiro
desviado dos países e a criminalização do suborno, lavagem de dinheiro e
outros atos de putrefação da honra. Não é com alegria que vemos no
Brasil a improbidade, a falcatrua, a propina com o status de
“normalidade” arruinando econômica, política e socialmente toda uma
nação. Temos observado a crise que desafia o bom ânimo do povo em face
dessa enxurrada de denúncias de crimes ao erário público. Em razão
disso, brotou no cenário brasileiro uma espécie de escárnio das massas,
ganhando preciosos espaços o frisson coletivo e paradoxalmente a omissão
generalizada. Em contrapartida , diante das recentes e inovadoras
penalidades aplicadas estamos atravessando o apogeu de um ciclo
esperançoso de transformação visceral que tem atingido afirmativamente
a população.
O
Brasil passa por processo de profunda transição. Sem sombra dúvida há
uma intervenção de Jesus em nossa Pátria, apontando para um amanhã
próspero em favor do povo. Nesses novos tempos, muitos Espíritos
rebeldes ainda estão tendo oportunidade de escolher viver o bem ou o
mal. No livro “O Céu e o Inferno”, Allan Kardec reporta-se a Espíritos
comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto
encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus
tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por
afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos
vales de sofrimento. [3]
Os
que permanecerem no mal, não reencarnarão mais na Terra e após rigorosa
seleção dos valores morais serão expurgados para outras instâncias
planetárias. Nesse processo da separação do joio e do trigo, dessa
filtragem espiritual, não mais nos depararemos com a violência, com os
escândalos, com a ironia, com o cinismo, com a mentira, com a corrupção.
Ainda
assim, os figurantes (massa de manobra) da desordem reagirão, bradando
por confrontos entre classes sociais, falarão de paz, de justiça social
como armas para a agressão entre compatriotas. Entretanto Jesus
permanecerá com a rédeas nas mãos e no comando do povo e a vitória será
do Evangelho. Não por acaso consta na composição do hino nacional o
fragmento “se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta”. Sim, os legítimos representantes da pátria “verde e amarelo” não abdicarão da luta pela probidade, pelo decoro, pela liberdade e
pela honra. Hoje mais do que nunca, o povo caminha no rumo seguro da
vitória sobre o mal e os maus. Ante a Lei de Causa e Efeito os
pervertidos pela corrupção (sejam aves de rapina ou acintosas serpentes) serão condenados (mormente os que ainda não foram punidos) para o bem de todos e felicidade geral da Nação.
O
Espiritismo auxiliará eficazmente nas reconstruções de ordem
sociopolítica e econômica, porque propõe a substituição dos impulsos
antigos do egoísmo pelos da fraternidade universal. O Codificador faz
menção, em Obras Póstumas, sobre o regime político que deverá vigorar no
futuro, ou seja, a aristocracia intelecto-moral. Sim! Aristocracia - do grego aristos (melhor) e cracia (poder) significa poder dos melhores. Poder dos melhores implica que os governantes tenham dado uma direção moral às suas inteligências.
[4] Com base nas lições de Jesus, na questão 919 d’O Livro dos
Espíritos, os Benfeitores informam que a perfeição moral só se alcança
com a prática do bem, sacrificando-se o interesse pessoal em benefício
do semelhante, de modo abnegativo, sem esperar recompensas.[5]
Ora,
os filhos do Brasil não podem se ajoelhar diante da putrefação moral e
da corrupção que deteriora a estabilidade da sociedade. Urge orar,
solicitar a Jesus pedindo-lhe que interceda a favor dos bons cidadãos
(juízes, delegados, agentes policiais, advogados, procuradores,
jornalistas, religiosos e outros) e das futuras gerações de
brasileirinhos. O cidadão do futuro se forma no presente. Um país de
justiça e liberdade se constrói com lealdade, honradez, amor e muito trabalho.
Referências bibliográficas:
[1] Kardec Allan. Obras Póstumas, preâmbulo, RJ: Ed. FEB 1999
[2]
Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, adotada pela
Assembleia-Geral das Nações Unidas em 31 de outubro de 2003 foi assinada
pelo Brasil em 9 de dezembro de 2003
[3] Kardec Allan. O Céu e o Inferno, RJ: Ed. FEB 1970
[4] Kardec Allan. Obras Póstumas, preâmbulo, RJ: Ed. FEB 1999
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