Para admitir a influência dos Espíritos é
necessário aceitar a ideia de que há Espíritos e que estes sobrevivem à
morte do corpo físico.
A dúvida relativa à existência dos
Espíritos tem como causa principal a ignorância acerca da sua verdadeira
natureza. [...] Seja qual for a ideia que se faça dos Espíritos, a
crença neles necessariamente se baseia na existência de um princípio
inteligente fora da matéria.[1]
Na verdade, os Espíritos exercem grande
influência nos acontecimentos da vida. Essa influência pode ser oculta
(sutil) ou claramente percebida. Pode ser boa ou má, fugaz ou
duradoura. Não é nada miraculoso ou sobrenatural.
Imaginamos erroneamente que a ação dos
Espíritos só se deva manifestar por fenômenos extraordinários.
Gostaríamos que nos viessem ajudar por meio de milagres e sempre os
representamos armados de uma varinha mágica. Mas não é assim, razão por
que nos parece oculta a sua intervenção e muito natural o que se faz com
o concurso deles. Assim, por exemplo, eles provocarão o encontro de
duas pessoas, que julgarão encontrar-se por acaso; inspirarão a alguém a
ideia de passar por tal lugar; chamarão sua atenção para determinado
ponto, se isso levar ao resultado que desejam, de tal modo que o homem,
acreditando seguir apenas o próprio impulso, conserva sempre o seu
livre-arbítrio.[2]
A influência dos Espíritos é ocorrência
comum, garantida pelos os princípios da sintonia mental, pois “(…) é no
mundo mental que se processa a gênese de todos os trabalhos da comunhão
de espírito a espírito”[3], ensina Emmanuel. Contudo, antes de ser
estabelecida a sintonia entre duas mentes, ocorre os processos de
afinidade intelectual ou moral, ou ambas, pois “o homem permanece
envolto em largo oceano de pensamentos, nutrindo-se de substância
mental, em grande proporção. Toda criatura absorve, sem perceber, a
influência alheia nos recursos imponderáveis que lhe equilibram a
existência. [4] E, mais, acrescenta o Benfeitor:
A mente, em qualquer plano, emite e
recebe, dá e recolhe, renovando-se constantemente para o alto destino
que lhe compete atingir. Estamos assimilando correntes mentais, de
maneira permanente. De modo imperceptível, “ingerimos pensamentos”, a
cada instante, projetando, em torno de nossa individualidade, as forças
que acalentamos em nós mesmos. [...] Somos afetados pelas vibrações de
paisagens, pessoas e coisas que cercam. Se nos confiamos às impressões
alheias de enfermidade e amargura, apressadamente se nos altera o “tônus
mental”, inclinando-nos à franca receptividade de moléstias
indefiníveis. Se nos devotamos ao convívio com pessoas operosas e
dinâmicas, encontramos valioso sustentáculo aos nossos propósitos de
trabalho e realização. (…).[1]
[1] Francisco Cândido Xavier. Roteiro. Cap. 26, pág. 112.
[1] Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Pt. 1, cap. I, it, 1, p. 21-22.
[2]Idem. O Livro dos Espíritos. Q. 525-a-comentário, p. 352-353.
[3] Francisco Cândido Xavier. Roteiro. Cap. 28, pág. 119.
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