Sempre que acontece uma grande tragédia, durante algum tempo a internet fica carregada de mensagens dos espíritas, explicando o que aconteceu, porque aquela tragédia ocorreu e porque muita gente morreu no evento que é sempre chamado de “mortes coletivas”.
É uma beleza a facilidade que nós espíritas temos para explicar para as pessoas o que é que acontece nesse fenômeno chamado morte. Nós temos um domínio e um conhecimento da morte que chega a ser impressionante, inclusive vale lembrar que quando morre um ente querido de um espírita, principalmente quando vítima de acidente, de um infarto fulminante ou qualquer tipo de morte repentina, ele encara com uma tranqüilidade que dá até inveja em quem não é espírita.
Certamente o espírita deve ficar muito feliz numa hora desta, porque sabe que o seu ente tão amado vai estar em Nosso Lar, sendo recebido por Clarêncio, Dona Laura, Lísias e todo aquele povo (sempre eles que estarão lá, para toda a eternidade), além dos seus parentes que o antecederam no retorno, alegres e felizes.
Que beleza a morte, não é gente?
Será que é assim mesmo?
Vamos botar o pé no chão?
É muito válido, sem dúvida alguma, o espírita disponibilizar-se para consolar as pessoas nos seus momentos difíceis, dado que o espiritismo é uma proposta também de consolação, pela capacidade que tem em explicar com argumentos lógicos o que estamos fazendo aqui, de onde viemos e para onde vamos.
O espírita de fato faz um trabalho muito bom em relação às pessoas, chamadas “não espíritas”, e até são admirados por elas que lhes dão atenção e credibilidade. Isto é fato constatado, a sociedade considera mesmo o espírita uma pessoa de bem.
Até aí tudo muito bom, tudo maravilhoso. Todavia tem certas coisas que precisam ser questionadas em nosso meio, não com um objetivo apenas crítico, mas com um que convida alguns confrades a repensarem os seus conceitos acerca da solidez das nossas convicções e do nosso comportamental.
Eu tenho procurado observar a enxurrada enorme de e-mails que me chegam, com as tais mensagens, e observo algo que já observei quando ocorreu o acidente com o avião da TAM que atravessou o aeroporto de Congonhas e explodiu no outro lado, matando mais de 200 pessoas, também quando ocorreu o acidente com o avião da Gol, a derrubada das torres gêmeas de Nova York, a morte de milhares nos tsunamis, o terremoto do Havaí e várias outras tragédias que mataram muita gente. Da mesma forma as argumentações quando ocorreram os incêndios do edifício Andraus e do Joelma.
A maioria delas utiliza aquele velho argumento de que as vítimas eram todas aquelas mesmas pessoas que frequentavam as arenas romanas para apreciarem o massacre dos cristãos.
É impressionante, mas se formos dimensionar o tamanho que deveria ter as arenas romanas, levando em consideração a quantidade de gente que já morreu em grandes tragédias e que os espíritas disseram que eram os seus frequentadores, chegaremos a conclusão de que cada arena deveria ter, no mínimo, um tamanho equivalente a pelo menos dez vezes o tamanho do estádio do Maracanã. Quem visita Roma sabe que elas não eram tão grandes assim, já que algumas continuam lá para preservação histórica.
Esse clichê espírita foi criado a partir do momento em que Chico Xavier, fazendo uma análise do incêndio do Gran Circo Americano, ocorrido em Niterói, no Rio de Janeiro, no início da década de sessenta, afirmou que um espírito lhe revelara que as vítimas daquela tragédia eram pessoas que participavam do massacre dos cristãos nas arenas romanas.
Mas a informação veio em referência às vítimas daquela tragédia e não de todas as demais tragédias com mortes coletivas que viriam a ocorrer ao longo dos anos.
A partir daí muitos espíritas entenderam que todas as vítimas de todas as tragédias com mortes coletivas são também pessoas que participaram das arenas romanas, e pronto.
Não precisa pensar, não precisa raciocinar, não precisa ter bom senso nenhum; se Chico falou nós temos que falar também e sair repetindo por aí, já que vemos o admirável médium mineiro como um santo infalível, que todas as suas opiniões eram tidas como verdade absoluta, indiscutível. O Chico não falou bobagem nenhuma, falou dentro da orientação espírita, mas em relação a um fato específico.
Agora mesmo, enquanto redijo este email, com a televisão ligada, ouço o “Jornal da Globo” anunciar uma explosão ocorrida hoje em um edifício no México, que também matou várias pessoas.
Será que elas eram também freqüentadoras das arenas romanas?
Mas desta vez os artigos começaram a trazer outros argumentos:
Vi artigos que afirmaram que as vítimas do incêndio da boate de Santa Maria foram soldados nazistas, que promoveram o holocausto e mataram muitos judeus por ocasião da segunda guerra mundial.
A continuar assim, certamente vamos chegar a conclusão de que o exército de Hitler era maior do que o exército chinês de hoje.
Argumentemos, então, em cima disto:
Vamos raciocinar?
Os elementos que praticaram atrocidades, durante a segunda guerra, agiram com extrema perversidade no período mais ou menos entre 1940 e 1945. De fato eram espíritos muito atrasados, pelo nível de ódio e maldade que ainda praticavam naquele período que é recente, levando em consideração os dois mil anos dos tempos das arenas romanas.
Eram verdadeiros monstros, pois que não há como qualificar de forma diferente criaturas capazes de fazerem o que fizeram.
Consideremos o seguinte:
Alguém que viveu nos tempos dos primeiros cristãos e que vive encarnado hoje, certamente passou por várias encarnações neste período de dois mil anos e é possível e natural que, no processo de aprendizagem das repetidas encarnações, tenha burilado a sua moralidade e que hoje esteja como uma pessoa considerada boa, em relação a média moral da sociedade.
Não é regra geral, mas é uma considerável probabilidade.
Ninguém passa da condição de monstro perverso e sanguinário numa encarnação para uma pessoa boa, amorosa, meiga, compreensiva, carinhosa e afetuosa logo na encarnação seguinte. Não mesmo, pois, se fosse assim, bastaria uma encarnação a mais para alcançar o que André Luiz chamou de Ministério da União Divina.
Pois bem:
A média de idade dos jovens que desencarnaram na boate Kiss de Santa Maria era de 20 anos, o que implica que foram pessoas que nasceram ali pelo final da década de oitenta e início da década de noventa.
Observemos que nem todos os carrascos nazistas morreram em 1945, pois muitos deles ficaram velhos e morreram muito mais tarde, em várias partes do mundo, para onde fugiram, inclusive aqui no Brasil.
Estabeleçamos, então, uma média de 30 no máximo para a desencarnação daqueles monstros, se bem que vários deles morreram recentemente.
Em um espaço de tempo curto desse processa-se no máximo uma encarnação. É claro que pode haver mais de uma, mas não é o comum, segundo nos relatam os espíritos.
Vejamos alguns casos:
Nas diversas matérias, programas e reportagens que a televisão está mostrando, já que ela hoje não fala de outra coisa senão disto, vimos várias reportagens com familiares das vítimas, que mostram fotografias e até imagens gravadas em vídeos de filhos que morreram na tragédia, onde se verificam alguns extremamente carinhosos, meigos, alegres e felizes. Eu vi a de uma menina, de 17 anos, que era um docinho de carinhosa.
Certamente alguém que foi monstro e com tão elevado nível de maldade e perversidade na encarnação passada, não se transformaria numa pessoa meiga, carinhosa, afetuosa e bondosa logo na encarnação seguinte.
fonte: http://www.forumespirita.net/fe/artigos-espiritas/as-grandes-tragedias-e-as-mensagens-espiritas/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+forumespirita+%28Forum+Espirita+email+news+100+topicos%29#.UQ7gKmckRCw
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