EU ASSISTIA,
DESDE ALGUM TEMPO, ÀS SESSÕES QUE SE REALIZAVAM NA CASA DO SR. ROUSTAN E COMEÇARA AÍ A
REVISÃO DO MEU TRABALHO, QUE POSTERIORMENTE FORMARIA O LIVRO DOS
ESPÍRITOS.
(VEJA-SE A INTRODUÇÃO), NUMA DESSAS SESSÕES, MUITO ÍNTIMA, A QUE APENAS
ASSISTIAM SETE OU OITO PESSOAS, FALAVAM ESTAS DE DIFERENTES COISAS RELATIVAS AOS
ACONTECIMENTOS CAPAZES DE ACARRETAR UMA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL, QUANDO O MÉDIUM,
TOMANDO DA CESTA, ESPONTÂNEAMENTE, ESCREVEU
ISTO:
“QUANDO O BORDÃO SOAR, ABANDONÁ-LO-EIS;
APENAS ALIVIAREIS O VOSSO SEMELHANTE; INDIVIDUALMENTE O MAGNETIZAREIS, A FIM DE
CURÁ-LO. DEPOIS, CADA UM NO POSTO QUE LHE FOI PREPARADO, PORQUE DE TUDO SE FARÁ
MISTER, POIS QUE TUDO SERÁ DESTRUÍDO, AO MENOS TEMPORÀRIAMENTE. DEIXARÁ DE HAVER
RELIGIÃO E UMA SE FARÁ NECESSÁRIA, MAS VERDADEIRA, GRANDE, BELA E DIGNA DO
CRIADOR... SEUS PRIMEIROS ALICERCES JÁ FORAM COLOCADOS... QUANTO A TI, RIVAIL, A TUA MISSÃO É AÍ.(LIVRE A CESTA
SE VOLTOU RÁPIDAMENTE PARA O MEU LADO, COMO O TERIA FEITO UMA PESSOA QUE ME
APONTASSE COM O DEDO.) A TÍ M. A ESPADA QUE NÃO FERE, PORÉM MATA; CONTRA TUDO O
QUE É, SERÁS TU O PRIMEIRO A VIR.
ELE, RIVAIL, VIRÁ EM SEGUNDO
LUGAR: É O OBREIRO QUE CONSTRÓI O QUE FOI
DEMOLIDO”.
NOTA DE
KARDEC: FOI ESSA A PRIMEIRA REVELAÇÃO POSITIVA
DA MINHA MISSÃO E CONFESSO QUE, QUANDO VÍ A CESTA VOLTAR-SE BRUSCAMENTE PARA O
MEU LADO E DESIGNAR-ME, NOMINATIVAMENTE, NÃO ME PUDE FORRAR A CERTA EMOÇÃO. O SR. M., QUE ASSISTIA ÁQUELA REUNIÃO,
ERA UM MOÇO DE OPINIÕES RADICALÍSSIMAS, ENVOLVIDO NOS NEGÓCIOS POLÍTICOS E
OBRIGADO A NÃO SE COLOCAR MUITO EM
EVIDÊNCIA...
MENSAGEM RECEBIDA EM CASA
DO SR. ROUSTAN, PELA MÉDIUM - RUTH CELINE
JAPHET- EM: 30 DE ABRIL DE 1856. PARIS-FRANÇA. - OBRAS PÓSTUMAS - 12a. EDIÇÃO. FEB – 1980.
Minha Missão
(Em casa do Sr.
C...; médium: Srta. Aline C...)
12 de junho de 1856 [1]
Pergunta (ao Espírito de Verdade) — Bom Espírito, eu
desejara saber o que pensas da missão que alguns Espíritos
me assinaram. Dize-me, peço-te, se é uma prova para o meu amor-próprio.
Tenho, como sabes, o maior desejo de contribuir para a propagação da verdade,
mas, do papel de simples trabalhador ao de missionário em chefe, a distância é
grande e não percebo o que possa justificar em mim graça tal, de preferência a
tantos outros que possuem talento e qualidades de que não
disponho [2].
Resposta —
Confirmo o que te foi dito, mas recomendo-te muita discrição, se quiseres
sair-te bem. Tomarás mais tarde conhecimento de coisas que te explicarão o que
ora te surpreende. Não esqueças que podes triunfar, como podes falir. Neste
último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não assentam
na cabeça de um homem. Nunca, pois, fales da tua missão; seria a maneira de a
fazeres malograr-se. Ela somente pode justificar-se pela obra realizada e tu
ainda nada fizeste. Se a cumprires, os homens saberão reconhecê-lo, cedo ou
tarde, visto que pelos frutos é que se verifica a qualidade da
árvore.
P. — Nenhum desejo tenho certamente de me
vangloriar de uma missão na qual dificilmente creio. Se estou destinado a servir
de instrumento aos desígnios da Providência, que ela disponha de mim. Nesse
caso, reclamo a tua assistência e a dos bons Espíritos, no sentido de me
ajudarem e ampararem na minha tarefa.
R. — A nossa assistência
não te faltará, mas será inútil se, de teu lado, não fizeres o que for
necessário. Tens o teu livre-arbítrio, do qual podes usar como o entenderes.
Nenhum homem é constrangido a fazer coisa
alguma.
P.
— Que causas poderiam determinar o meu malogro? Seria
a insuficiência das minhas capacidades?
R. — Não; mas, a missão
dos reformadores é prenhe de escolhos e perigos. Previno-te de que é
rude a tua, porquanto se trata de abalar e transformar o mundo
inteiro.
Não
suponhas que te baste publicar um livro, dois livros, dez livros, para em
seguida ficares tranqüilamente em casa. Tens que expor a tua pessoa. Suscitarás
contra ti ódios terríveis; inimigos encarniçados se conjurarão para tua perda;
ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a traição mesma dos
que te parecerão os mais dedicados; as tuas melhores instruções serão
desprezadas e falseadas; por mais de uma vez sucumbirás sob o peso da fadiga;
numa palavra: terás de sustentar uma luta quase contínua, com sacrifício de teu
repouso, da tua tranqüilidade, da tua saúde e até da tua vida, pois, sem isso,
viverias muito mais tempo
[3].
Ora bem! não poucos recuam quando, em vez de uma
estrada florida, só vêem sob os passos urzes, pedras agudas e serpentes. Para
tais missões, não basta a inteligência. Faz-se mister, primeiramente, para
agradar a Deus, humildade, modéstia e desinteresse, visto que Ele abate os
orgulhosos, os presunçosos e os ambiciosos. Para lutar contra os homens, são
indispensáveis coragem, perseverança e inabalável firmeza. Também são de
necessidade prudência e tato, a fim de conduzir as coisas de modo conveniente e
não lhes comprometer o êxito com palavras ou medidas intempestivas. Exigem-se,
por fim, devotamento, abnegação e disposição a todos os
sacrifícios.
Vês, assim, que a tua missão está subordinada a
condições que dependem de ti.
Espírito
Verdade
Eu — Espírito
Verdade, agradeço os teus sábios conselhos. Aceito tudo, sem restrição e sem
idéia preconcebida.
Senhor! pois que te
dignaste lançar os olhos sobre mim para cumprimento dos teus desígnios, faça-se
a tua vontade! Está nas tuas mãos a minha vida; dispõe do teu servo. Reconheço a
minha fraqueza diante de tão grande tarefa; a minha boa vontade não desfalecerá,
as forças, porém, talvez me traiam. Supre à minha deficiência; dá-me as forças
físicas e morais que me forem necessárias. Ampara-me nos momentos difíceis e,
com o teu auxílio e dos teus celestes mensageiros, tudo envidarei para
corresponder aos teus desígnios.
NOTA —
Escrevo esta nota a 1º de janeiro de 1867, dez anos e meio depois que me foi
dada a comunicação acima e atesto que ela se realizou em todos os pontos, pois
experimentei todas as vicissitudes que me foram preditas. Andei em luta com o ódio de inimigos
encarniçados, com a injúria, a calúnia, a inveja e o ciúme; libelos infames se
publicaram contra mim; as minhas melhores instruções foram falseadas; traíram-me
aqueles em quem eu mais confiança depositava, pagaram-me com a ingratidão
aqueles a quem prestei serviços. A Sociedade de Paris se constituiu foco de
contínuas intrigas urdidas contra mim por aqueles mesmos que se declaravam a meu
favor e que, de boa fisionomia na minha presença, pelas costas me golpeavam.
Disseram que os que se me conservavam fiéis estavam à minha soldada e que eu
lhes pagava com o dinheiro que ganhava do Espiritismo. Nunca mais me foi dado
saber o que é o repouso; mais de uma vez sucumbi ao excesso de trabalho, tive
abalada a saúde e comprometida a
existência.
Graças, porém, à proteção e assistência dos bons Espíritos que
incessantemente me deram manifestas provas de solicitude, tenho a ventura de
reconhecer que nunca senti o menor desfalecimento ou desânimo e que prossegui,
sempre com o mesmo ardor, no desempenho da minha tarefa, sem me preocupar com a
maldade de que era objeto. Segundo a comunicação do Espírito de Verdade, eu
tinha de contar com tudo isso e tudo se verificou. Mas, também, a par dessas
vicissitudes, que de satisfações experimentei, vendo a obra crescer de maneira
tão prodigiosa! Com que compensações deliciosas foram pagas as minhas
tribulações! Que de bênçãos e de provas de real simpatia recebi da parte de
muitos aflitos a quem a Doutrina consolou! Este resultado não mo anunciou o
Espírito de Verdade que, sem dúvida intencionalmente, apenas me mostrara as
dificuldades do caminho.
Qual
não seria, pois, a minha ingratidão, se me queixasse! Se dissesse que há uma
compensação entre o bem e o mal, não estaria com a verdade, porquanto o bem,
refiro-me às satisfações morais, sobrelevaram de muito o mal. Quando me
sobrevinha uma decepção, uma contrariedade qualquer, eu me elevava pelo
pensamento acima da Humanidade e me colocava antecipadamente na região dos
Espíritos e desse ponto culminante, donde divisava o da minha chegada, as
misérias da vida deslizavam por sobre mim sem me atingirem. Tão habitual se me
tornara esse modo de proceder, que os gritos dos maus jamais me
perturbaram.
Allan
Kardec.
Bibliografia:
OBRAS PÓSTUMAS – Previsões
concernentes ao Espiritismo - Minha primeira iniciação no Espiritismo
- Minha Missão - Allan Kardec, Paris – 1890 - tradução de Guilon Ribeiro,
Editora FEB. Versão Eletrônica pode ser baixada de:www.opiniaoespirita.org/downloads/obras_postumas.pdf (1,27MB). Procure a página 343 do referido download.
Notas do Editor
deste site (Opinião Espírita):
(Clique nos
números das notas para encontrar a localização do texto que gerou a
nota)
[1] - Essa conversa se deu
10 meses e 6 dias antes da publicação de O Livro dos Espíritos, que foi a
primeira obra de Allan Kardec e que marcou, na Terra, o surgimento da Doutrina
Espírita. A conversa representa o momento da aceitação, por parte de Kardec, da
missão de codificar e propagar o Espiritismo.
[2] - A pergunta
justifica-se, não pelo fato de Allan Kardec não se julgar capaz de realizar o
trabalho, mas de já haver, àquela época e há vários anos, várias outras pessoas
estudando e pesquisando os fenômenos espíritas, e que já poderiam estar num
estágio mais avançado de conhecimentos e experiência. Na introdução de O Livro
dos Espíritos (ver item IV), Kardec relata experiências que eram feitas desde
1849, enquanto que ele tomava pela primeira vez contato com os fenômenos somente
em maio de 1855. E, quando ele lançou a sua Revista Espírita, a 1o de janeiro de
1858, sem um único assinante, já existiam nos Estados Unidos dezessete
periódicos espiritualistas estabelecidos em língua inglesa (ver Apresentação da
FEB na Revista Espírita de 1858, traduzida por Evandro Noleto Bezerra,
Ed. FEB). Essas são as razões de ele julgar haver outros homens que seriam mais
capazes do que ele para desempenhar a tarefa, e não uma demonstração de falsa
humildade.
[3] - Repare o leitor na
diferença entre as mensagens de Espíritos realmente superiores e a de Espíritos
pretensamente superiores. Os espíritos realmente superiores indicam a missão e
mostram as dificuldades do caminho; jamais constrangem. Já os pretensos
superiores (ou mistificadores), prometem facilidades e glórias àqueles que
desejam iludir, além de indicarem a aquisição de "karmas", ou mesmo problemas de
ordem pessoal, como obsessões, por exemplo, caso se recusem a fazer o que eles
lhes propõem.
Bibliografia
das notas:
1.
O LIVRO DOS
ESPÍRITOS – Allan Kardec, Paris – 1857 (tradução com base na 3a
edição francesa). Versão eletrônica pode ser baixada de:www.opiniaoespirita.org/downloads/o_livro_dos_espiritos.pdf (1,27MB).
2.
Revista
Espírita ano I - 1858, Ed. FEB - 3a Edição -
2004.
CRÔNICA: KARDEC E NAPOLEÃO
.
Logo após o 18
Brumário (09 de novembro de 1799), quando Napoleão se fizera o Primeiro-Cônsul
da República Francesa, reuniu-se, na noite de 31 de dezembro de 1799, no coração
da latinidade, nas Esferas Superiores, grande assembléia de Espíritos sábios e
benevolentes, para marcarem a entrada significativa do novo
século.
Antigas personalidades de Roma imperial, pontífices e
guerreiros das Gálias, figuras notáveis da Espanha, ali se congregavam à espera
do expressivo acontecimento.
Legiões dos
Césares, com os seus estandartes, falanges de batalhadores do mundo gaulês e
grupos de pioneiros da evolução hispânica, associados a múltiplos representantes
das Américas, guardavam linhas simbólicas de posição de
destaque.
Mas não sòmente
os latinos se faziam representados no grande conclave. Gregos ilustres,
lembrando as confabulações da Acrópole gloriosa, israelitas famosos, recordando
o Templo de Jerusalém, deputações eslavas e germânicas, grandes vultos da
Inglaterra, sábios chineses, filósofos hindus, teólogos budistas, sacrificadores
das divindades olímpicas, renomados sacerdotes da Igreja Romana e continuadores
de Maomet ali se mostravam como em vasta convocação de forças da ciência e da
cultura da Humanidade.
No concerto das
brilhantes delegações que aí formavam, com toda a sua fulguração representativa,
surgiam Espíritos de velhos batalhadores do progresso que voltariam à liça
carnal ou que seguiriam, de perto, para o combate à ignorância e à miséria, na
laboriosa preparação da nova era da fraternidade e da
luz.
No deslumbrante espetáculo da Espiritualidade
Superior, com a refulgência de suas almas, achavam-se Sócrates, Platão,
Aristóteles, Apolônio de Tiana, Orígenes, Hipócrates, Agostinho, Fénelon,
Giordano Bruno, Tomás de Aquino, S. Luis de França, Vicente de Paulo, Joana
d´Arc, Teresa d´Avila, Catarina de
Siena, Bossuet, Spinoza, Erasmo, Milton, Cristóvão Colombo, Gutenberg, Galileu, Pascal, Swedenborg e Dante
Alighieri, para mencionar apenas alguns heróis e paladinos da renovação
terrestre; e, em plano menos brilhante, encontravam-se, no recinto maravilhoso,
trabalhadores de ordem inferior, incluindo muitos dos ilustres guilhotinados da
Revolução, quais Luis XVI, Maria Antonieta, Robespierre, Danton, Madame Roland,
André Chenier, Bailly, Camille Desmoulins, e grandes vultos como Voltaire e
Rousseau.
Depois da
palavra rápida de alguns orientadores eminentes, invisíveis clarins soaram na
direção do plano carnal e, em breves instantes, do seio da noite, que velava o
corpo ciclópico do mundo europeu, emergiu, sob a custódia de esclarecidos
mensageiros, reduzido cortejo de sombras, que pareciam estranhas e vacilantes,
confrontados com as feéricas irradiações do palácio
festivo.
Era um grupo de
almas, ainda encarnadas que, constrangidas pela Organização Celeste, remontavam
à vida espiritual, para a reafirmação de
compromissos.
À frente, vinha
Napoleão, que centralizou o interesse de todos circunstantes. Era bem o grande
corso, com os seus trajes habituais e com o seu chapéu
característico.
Recebido por
diversas figuras de Roma antiga, que se apressavam em oferecer-lhe apoio e
auxílio, o vencedor de Rivoli ocupou radiosa poltrona que, de antemão, lhe fora
preparada.
Entre aqueles
que o seguiam, na singular excursão, encontravam-se respeitáveis autoridades
reencarnadas no Planeta, como Beethoven, Ampère, Fúlton, Faraday, Goethe, João
Dálton, Pestalozzi, Pio VII, além de outros campeões da prosperidade e de
independência do mundo.
Acanhados no
veículo espiritual que os prendia à carne terrestre, quase todos os recém-vindos
banhavam-se em lágrimas de alegria e emoção.
O
Primeiro-Cônsul da França, porém, trazia os olhos enxutos, não obstante a
extrema palidez que lhe cobria a face. Recebendo o louvor de várias legiões,
limitava-se a responder com acenos discretos, quando os clarins ressoaram de
modo diverso, como se pusessem a voar para os cimos, no rumo do imenso
infinito...
Imediatamente
uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do Céu, ligando-se
ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas
resplendentes.
Em alcançando o
solo delicado, contudo, esses astros se transformavam em seres humanos ninbados
de claridade celestial.
Dentre todos, no
entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante
brilhava-lhe na cabeça, como aureolar-lhe de benções o olhar magnânimo, cheio de
atração e doçura. Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se de sublimes
cintilações...
Musicistas
invisíveis, através dos zéfiros que passavam apressados, prorromperam num
cântico de hosanas, sem palavras articuladas.
A multidão
mostrou profunda reverência, ajoelhando-se muitos dos sábios e guerreiros,
artistas e pensadores, enquanto todos os pendões dos vexilários arriavam,
silenciosos, em sinal de respeito.
Foi então que o
grande corso se pôs em lágrimas e, levantando-se, avançou com dificuldade, na
direção do mensageiro que trazia o báculo de ouro, postando-se, genuflexo,
diante dele.
O celeste
emissário, sorrindo com naturalidade, ergueu-o, de pronto, e procurava
abraçá-lo, quando o Céu pareceu abrir-se diante de todos, e uma voz enérgica e
doce, forte como a ventania e veludosa como a ignorada melodia da fonte,
exclamou para Napoleão, que parecia eletrizado de pavor e júbilo, ao mesmo
tempo:
- Irmão e amigo
ouve a Verdade, que te fala em meu espírito! Eis-te à frente do Apóstolo da Fé,
que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de
conhecimento...
César ontem, e
hoje orientador, rende o culto de tua veneração, ante o pontífice da luz!
Renova, perante o Evangelho, o compromisso de auxiliar-lhe a obra
renascente!...
Aqui se congregam conosco lidadores de todas
as épocas. Patriotas de Roma e das Gálias, generais e soldados que te
acompanharam nos conflitos da Farsália, de Tapso e da Munda, remanescentes das
batalhas de Gergóvia e de Alésia aqui te surpreendem com simpatia e
expectação... Antigamente, no trono absoluto, pretendias-te descendente dos
deuses para dominar a Terra e aniquilar os inimigos... Agora, porém, o Supremo
Senhor concedeu-te por berço uma ilha perdida no mar, para que te não esqueças
da pequenez humana e determinou voltasses ao coração do povo que outrora
humilhaste e escarneceste, a fim de que lhe garantas a missão gigantesca, junto
da Humanidade, no século que vamos iniciar.
Colocado pela
Sabedoria Celeste na condição de timoneiro da ordem, no mar de sangue da
Revolução, não olvides o mandato para o qual foste
escolhido.
Não acredites
que as vitórias das quais foste investido para o Consulado devam ser atribuídas
exclusivamente ao teu gênio militar e político. A Vontade do Senhor expressa-se nas
circunstâncias da vida. Unge-te de coragem para governar sem ambição e reger sem
ódio. Recorre à oração e à humildade para que te não arrojes aos precipícios da
tirania e da violência!...
Indicado para
consolidar a paz e a segurança, necessárias ao êxito do abnegado apóstolo que
descortinará a era nova, serás visitado pelas monstruosas tentações do
poder.
Não te fascines
pela vaidade que buscará coroar-te a fronte... Lembra-te de que o sofrimento do
povo francês, perseguido pelos flagelos da guerra civil, é o preço da liberdade
humana que deves defender, até o sacrifício. Não te macules com a escravidão dos
povos fracos e oprimidos e nem enlameies os teus compromissos com o exclusivismo
e com a vingança!...
Recorda que,
obedecendo a injunções do pretérito, renasceste para garantir o ministério
espiritual do discípulo de Jesus que regressa à experiência terrestre, e vale-te
da oportunidade para santificar os excelsos princípios de bondade e do perdão,
do serviço e da fraternidade do Cordeiro de Deus, que nos ouve em seu
glorificado sólio de sabedoria e de amor!
Se honrares as
tuas promessas, terminarás a missão com o reconhecimento da posteridade e
escalarás horizontes mais altos da vida, mas, se as tuas, responsabilidades
forem menosprezadas, sombrias aflições amontar-se-ão sobre as tuas horas, que
passarão a ser gemidos escuros em extenso
deserto...
Dentro do novo
século, começaremos a preparação do terceiro milênio do Cristianismo na
Terra.
Novas concepções
de liberdade surgirão para os homens, a Ciência ergue-se-á a indefiníveis
culminâncias, as nações cultas abandonarão para sempre o cativeiro e o tráfico
de criaturas livres e a religião desatará os grilhões do pensamento que, até
hoje, encarceram as melhores aspirações da alma no inferno sem
perdão!...
Confiamos, pois, ao teu espírito valoroso a governança política dos novos
eventos e que o Senhor te abençoe!...
Cânticos de
alegria e esperança anunciaram nos céus a chegada do Século XIX e, enquanto o
Espírito de Verdade, erguido por várias coortes resplandecentes, voltava para o
Alto, a inolvidável assembléia se dissolvia...
O apóstolo que
seria Allan
Kardec, sustentando
Napoleão nos braços, conchegou-o de encontro ao peito e acompanhou-o
bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio
leito.
.........................................................................................................................
Em 3 de outubro
de 1804, o mensageiro da renovação renascia num abençoado lar de Lião, mas o
Primeiro-Cônsul da República Francesa, assim que se viu desembaraçado da
influência benéfica e protetora do Espírito de Allan Kardec e de seus
cooperadores, que retomavam, pouco a pouco, a integração com a carne, confiantes
e otimistas, engalanou-se com a púrpura do mando e, embriagado de poder,
proclamou-se Imperador, em 18 de maio de 1804, ordenando a Pio VII, viesse
coroá-lo em Paris.
Napoleão,
contudo, convertendo celestes concessões em aventuras sanguinolentas, foi
apressadamente situado, por determinação do Alto, na solidão curativa de Santa
Helena, onde esperou a morte, enquanto Allan
Kardec, apagando a
própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e
desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão
que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que, gradativamente, será
considerada em todos quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o
mundo inteiro.
BIBLIOGRAFIA:
Mensagem
psicografada pelo médium - Francisco
Cândido Xavier do
Espírito
Humberto de Campos - também
conhecido neste e em alguns livros psicografados pelo citado médium com o
pseudônimo de Irmão X. Crônica de n° 28, do Livro: Cartas e
Crônicas, 6a. Edição, FEB – 1986.
VIVÊNCIAS EVOLUTIVAS DE ALLAN KARDEC –
Síntese.
Neste artigo
apresentamos sinteticamente algumas reencarnações de Allan
Kardec, e a sua
contribuição filosófica, cientifica e religiosa para a
humanidade.
1.
SACERDOTE
AMENOPHIS - No período de Ramsés II, no antigo Egito. Ilustre sábio da casa do Faraó Seti I, em aproximadamente, 3386
anos, passados, na época da 19ª. Dinastia. Neste mesmo período viveu Moisés.
Citado no Livro Faraó Mernephtah de J. W. Rochester.
2.
SACERDOTE
DRUÍDA - Allan Kardec, revelação dada pelo
Espírito Zéfiro em 1856. Espírito protetor, dizendo a Denizard Rivail: Conhecemo-nos quando ambos vivemos
nas Gálias entre os Druídas. Chamava-se Allan Kardec. Neste período de
58
a.C., imperador
Julius César invadiu as Gálias.
3.
CENTURIÃO
ROMANO - Quirílius Cornélius que viveu na Palestina como Centurião Romano, na época do Imperador Tibérius César, sendo Pôncio Pilatos o Procurador da Judéia. Esteve diversas vezes com Jesus. Instalou-se em
Jerusalém. Entre
vários fatos marcantes em sua vida, foi a cura de
um servo por Jesus (Mateus, 8:
5-13). Quando Jesus foi preso quis deixá-lo fugir e ofereceu-se a ele para morrer em seu
lugar. - Citado no Livro Herculanum de J. W. Rochester.
4.
JAN
HUSS - Sacerdote, mártir e reformador Tcheco.
Nasceu em Husinec em 1369 e morreu em 1415, com 46 anos de
idade. Foi o período da pré - reforma da Igreja católica. John
Wyclif, muito influenciou Jerônimo de
Praga e este a Jan
Huss. No final da
vida Huss e
Jerônimo, atacaram, publicamente, os dogmas romanos. Huss era detentor
de um caráter sábio. A Igreja levou-o ao Concílio de
Constança para que ele se
retratasse, mas, este, manteve a sua
doutrina que o Cristo era o chefe da Igreja e não
Pedro. Aos 6 dias de Julho de 1415, foi condenado, amarrado em um
poste, executado e queimado vivo.
5.
HIPPOLYTE LÉON
DENIZARD RIVAIL - FRANÇA - 1804 a 1869 - SÉCULO
XIX - Codificador do Espiritismo. Por uma longa evolução reencarnatória, Kardec foi colhendo o Conhecimento, o Amor e a Coragem que
demonstrou na sua última vivência com A Missão.
RESUMO DA BRILHANTE TRAJETÓRIA DESSE
ESPÍRITO
AMENOPHIS
(Sacerdote) - A
Iniciação
ALLAN KARDEC
(Druída) - A
Sabedoria
QUIRÍLIUS
CORNÉLIUS (Centurião) - O
Amor
JAN HUSS
(Mártir) - O
Testemunho
ALLAN KARDEC
(Codificador) - A
Missão.
João Batista
Cabral -Presidente da
ADE – SERGIPE.
Jan.2005.
fonte: Carlos Eduardo Cennerelli < ce.cennerelli@terra.com.br >
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