Em verdade, a nossa capacidade intelectual é demasiadamente curta, em face dos elevados poderes da personalidade espiritual, independente dos laços da matéria. Segundo Emmanuel, “os elos da reencarnação fazem o papel de quebra-luz sobre todas as conquistas anteriores do Espírito reencarnado. Nessa sombra reside o acervo de lembranças vagas, de vocações inatas, de numerosas experiências, de valores naturais e espontâneos, a que chamamos subconsciência. Aliás, a incapacidade intelectual do homem físico tem sua origem na sua própria situação, caracterizada pela necessidade de provas amargas.” (2)
Os valores intelectuais da Terra, atualmente, padecem a afronta de todas as forças corruptoras do declínio. “A atual geração, que tantas vezes se entregou à jactância, atribuindo a si mesma as mais altas conquistas no terreno do raciocínio positivo, operou os mais vastos desequilíbrios nas correntes evolutivas do orbe, com o seu injustificável divórcio do sentimento.” (3) É por esse ensejo que notamos no cenário político-social-econômico da Terra as aberrações, os absurdos teóricos, os extremismos estabelecendo a inversão de todos os valores. “Excessivamente preocupados com as suas extravagâncias, os missionários da inteligência trocaram o seu labor junto ao espírito por um lugar de domínio, como os sacerdotes religiosos que permutaram a luz da fé pelas prebendas tangíveis da situação econômica.” (4)
Entretanto, é imprescindível reconhecer que há uma tarefa especializada da inteligência no orbe terrestre, sobretudo para os que recebem a delegação abençoada, em lutas expiatórias ou em missões santificantes, de ampliar a boa tarefa da inteligência em benefício real da coletividade. É urgente, contudo, a vigilância constante, pois “o destaque intelectual, muitas vezes, obscurece no mundo a visão do Espírito encarnado, conduzindo-o à vaidade injustificável, onde as intenções mais puras ficam aniquiladas.”(5)
Outro aspecto que devemos refletir é se devemos, em nome do Espiritismo, buscar os intelectuais para a compreensão dos seus deveres espirituais. Emmanuel responde-nos essa questão de forma categórica: “provocar a atenção dos outros no intuito de regenerá-los, quando todos nós, mesmos os desencarnados, estamos em função de aperfeiçoamento e aprendizado, não parece muito justo, porque estamos ainda com um dever essencial, que é o da edificação de nós mesmos. No labor da Doutrina, temos de convir que o Espiritismo é o Cristianismo redivivo pelo qual precisamos fornecer o testemunho da verdade e, dentro do nosso conceito de relatividade, todo o fundamento da verdade da Terra está em Jesus Cristo.” (6)
A Terceira Revelação triunfa por si, sem a concorrência das fracas possibilidades humanas. Ninguém deverá procurar os intelectuais supondo-se elemento indispensável à sua vitória. Emmanuel alerta que “o Espiritismo não necessita de determinados homens (intelectualizados) para consolar e instruir as criaturas, depreendendo-se que os próprios intelectuais do mundo é que devem buscar, espontaneamente, na fonte de conhecimentos doutrinários, o benefício de sua iluminação.” (7)
Caro irmão, lembremos que os homens simplórios, iletrados, humildes que “passam a vida inteira trabalhando ao Sol no amanho da Terra, fabricando o pão saboroso da vida, têm mais valor para Deus que os artistas de inteligência viciada, que outra coisa não fazem senão perturbar a marcha divina das suas leis. Portanto, que a expressão de intelectualidade é muito valiosa, não há dúvida, mas não pode prescindir jamais dos valores do sentimento em sua essência sublime.”(8)
(1) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1990, perg. 204
(2) Idem perg. 205
(3) Idem, perg. 206
(4) Idem, perg. 207
(5) Idem, perg. 208
(6) Idem, perg. 210
(7) Idem,
(8) Idem
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