Estudo com base in O Livro dos Espíritos, livro segundo, cap. 1,
MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS - DOS ESPÍRITOS,
obra codificada por Allan Kardec.
Pesquisa: Elio Mollo
ORIGEM E NATUREZA DOS ESPÍRITOS
Podemos definir que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Eles povoam o Universo, além do mundo material. (LE 76)
( LE é abreviatura referente ao O Livro dos Espíritos.)
Nota de Allan Kardec: A palavra Espírito é aqui empregada para designar os seres extra-corpóreos e não mais o elemento inteligente Universal. (--)
Os Espíritos são obra de Deus, precisamente como acontece com um homem que faz uma máquina; esta é obra do homem, e não ele mesmo. O homem, quando faz uma coisa bela e útil, chama-a sua filha, sua criação. Podemos dizer que dá-se o mesmo com Deus. Somos seus filhos porque somos sua obra. (LE 77)
A lógica nos leva a deduzir que os Espíritos tiveram um começo, pois se os Espíritos não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, mas pelo contrário, são sua criação, submetidos à sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, isso é incontestável: mas quando e como ele criou, não o sabemos. Podemos dizer que não tivemos princípio, se com isso entendermos que Deus, sendo eterno, deve ter criado sem cessar; mas quando e como cada um de nós foi criado, ninguém o sabe; isso é um mistério para ser desvendado. (LE 78)
Uma vez que há dois elementos gerais do Universo: o inteligente e o material (1), podemos dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente (2), como os corpos inertes são formados do material. Os Espíritos são individualizações do princípio inteligente, como os corpos são individualizações do princípio material; a época e a maneira dessa formação é que desconhecemos. (LE 79)
A criação dos Espíritos é permanente, não se verificou apenas na origem dos tempos, o que quer dizer que Deus jamais cessou de criar. (LE 80)
Deus os criou os Espíritos, como a todas as outras criaturas, pela sua vontade, mas como já dissemos a sua origem é um mistério para ser desvendado. (LE 81)
Não há como dizer se os Espíritos são imateriais. Como iremos definir uma coisa (3), quando não dispomos de termos de comparação e se usamos uma linguagem insuficiente? Um cego de nascença pode definir a luz? Imaterial não é o termo apropriado, a definição incorpóreo, seria mais exato, pois devemos compreender que, sendo uma criação, o Espírito deve ser alguma coisa. É uma matéria quintessenciada (4), para a qual não dispomos de analogia, é tão eterizada, que não pode ser percebida pelos nossos sentidos. (LE 82)
Nota de Allan Kardec: Dizemos que os Espíritos são imateriais porque a sua essência difere de tudo o que conhecemos pelo nome de matéria. Um povo de cegos não teria palavras para exprimir a luz e os seus efeitos. O cego de nascença julga ter todas as percepções pelo ouvido, o olfato, o paladar e o tato; não compreende as idéias que lhe seriam dadas pelo sentido que lhe falta. Da mesma maneira, no tocante à essência dos seres super-humanos, somos como verdadeiros cegos. Não podemos defini-los, a não ser por meio de comparações sempre imperfeitas, ou por um esforço da imaginação [5].
Os Espíritos terão fim? Compreende-se que o princípio de que eles emanam seja eterno, mas a sua individualidade terá um termo? E, num dado tempo, mais ou menos longo, o elemento de que são formados não se desagregará e não retornará a massa de que saíram, como acontece com os corpos materiais?
Realmente, é difícil compreender que uma coisa que teve começo não tenha fim. Porém, há muitas coisas que ainda não compreendemos, porque a nossa inteligência é limitada: mas não é isso razão para as repelirmos. O filho não compreende tudo o que o pai compreende, nem o ignorante tudo o que o sábio compreende, mas neste caso podemos dizer que a existência dos Espíritos não tem fim: é tudo quanto somos levados compreender, por enquanto. (LE 83)
MUNDO NORMAL PRIMITIVO
Os Espíritos constituem um mundo à parte, além daquele que vemos, o mundo dos Espíritos ou das inteligências incorpóreas. (LE 84)
O mundo espírita ou o mundo corpóreo é o principal na ordem das coisas: ele preexiste e sobrevive a tudo. (LE 85)
O mundo corpóreo poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem com isso alterar a essência do mundo espírita, eles são independentes, e não obstante, a sua correlação é incessante, porque reagem incessantemente um sobre o outro. (LE 86)
Os Espíritos estão por toda parte: povoam ao infinito os espaços infinitos (6). Há os que estão sem cessar ao nosso lado, observando-nos e atuando sobre nós, sem o sabermos: porque os Espíritos são uma das forças da Natureza, são os instrumentos de que Deus se serve para o cumprimento de seus desígnios providenciais: mas nem todos vão a toda parte, porque há regiões interditas aos menos avançados. (LE 87)
FORMA E UBIQÜIDADE DOS ESPÍRITOS
Aos nossos olhos os espíritos não tem uma forma determinada, limitada e constante. Podemos dizer que eles são uma flama, um clarão ou uma centelha etérea (7). (vide q. 23, 23ª e 26 de O Livro dos Espíritos. (LE 88)
Esta flama ou centelha varia do escuro ao brilho do rubi, de acordo com a menor ou maior pureza do Espírito. (LE 88a)
Nota de Allan Kardec: Representam-se ordinariamente os gênios, com uma flama ou uma estrela na fronte. É essa uma alegoria, que lembra a natureza essencial dos Espíritos. Colocam-na no alto da cabeça, por ser ali que se encontra a sede da inteligência.
Os Espíritos gastam tempo para atravessar o espaço, mas rápido como o pensamento (8). (LE 89)
Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também o está, pois é a alma que pensa. O pensamento é um atributo (9). (LE 89a)
O Espírito que se transporta de um lugar a outro (10) e pode ter consciência da distância que percorre e dos espaços que atravessa e, subitamente se transportar para onde deseja ir, ambas as situações são possíveis, pois o Espírito pode perfeitamente, se o quiser, dar-se conta da distância que atravessa, mas essa distância pode também desaparecer por completo isso depende de sua vontade e também da sua Natureza, se mais ou menos depurada. (LE 90)
A matéria não oferece obstáculo aos Espíritos (11), eles penetram tudo, o ar, a terra, as águas, o próprio fogo lhes são igualmente acessíveis. (LE 91)
Os Espíritos não tem o dom da ubiqüidade, ou, em outras palavras, o mesmo Espírito não pode dividir-se ou estar ao mesmo tempo em vários pontos, pois não pode haver divisão de um Espírito, contudo cada um deles é um centro que irradia para diferentes lados, e é por isso que parecem estar em muitos lugares ao mesmo tempo. Vês o Sol, que não é mais do que um, e não obstante irradia por toda parte e envia os seus raios até muito longe. Apesar disso, ele não se divide (12). (LE 92)
Os Espíritos não irradiam com o mesmo poder, bem longe disso, o poder de irradiação depende do grau de pureza de cada um. (LE 92a)
Nota de Allan Kardec: Cada Espírito é uma unidade indivisível; mas cada um deles pode estender o seu pensamento em diversas direções, sem por isso se dividir. É somente nesse sentido que se deve entender o dom de ubiqüidade atribuido aos Espíritos. Como uma fagulha que projeta ao longe a sua claridade e pode ser percebida de todos os pontos do horizonte. Como, dada, um homem que, sem mudar de lugar e sem se dividir, pode transmitir ordens, sinais e produzir movimentos em diferentes lugares.
* * *
(1) Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.
Espírito Fluido Universal Matéria
[----------------------I-----------------------]
Esse fluido é suscetível de inúmeras combinações. O que chamamos de fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente. (q. 27. a (LE)).
(2) Observações importantes:
in O Livro dos Espíritos, q. 23.
Que é o espírito? (*)
O princípio inteligente do Universo.
(*) Alma ou espírito elementar fazendo abstração do perispírito.
In O que é o Espiritismo, Cap. II, item 9, 10 e 14 Allan Kardec observa que:
Quando a alma está ligada ao corpo, durante a vida, tem duplo envoltório: um pesado e grosseiro e perecível, que é o corpo; o outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito.
Existem, portanto, no homem, três elementos essenciais:
1º. A alma ou espírito, princípio inteligente onde residem o pensamento, a vontade e o senso moral (vide qq. 23, 25 e 26 de LE);
2º. O corpo, envoltório material que põe o espírito em relação com o mundo exterior; (vide q. 25 de LE)
3º. O perispírito, invólucro fluídico, leve, imponderável, servindo de liame e de intermediário entre o espírito (alma) e o corpo.
A união da alma, do perispírito, e do corpo material constitui o homem. A alma e o perispírito separados do corpo constituem a ser a que chamamos Espírito. (vide qq. 27, 135 e 135a de LE)
NOTA DE ALLAN KARDEC referindo-se aos itens acima citados:
A alma é assim um ser simples;
O Espírito um ser duplo, e
O homem um ser triplo.
Seria portanto mais exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e a palavra Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico. Mas como não se pode conceber o princípio inteligente sem ligação material, as palavras alma e Espírito são, no uso comum, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, da mesma forma que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila composta de tantas casas; porém, filosoficamente é essencial fazer-se a diferença.
(3) Aos nossos olhos os espíritos não tem uma forma determinada, limitada e constante. Podemos dizer que eles são uma flama, um clarão ou uma centelha etérea [1]. (vide q. 23, 23ª e 26 de O Livro dos Espíritos. (LE 88)
quin.ta-es.sên.cia sf (quinta+essência)
1 Substância etérea e sutil, considerada pelos alquimistas como um quinto elemento, além da água, da terra, do fogo e do ar, e obtida após cinco destilações sucessivas.
2 Extrato retificado, refinado e apurado ao extremo.
3 A parte mais pura, mais delicada; excelente, sutil.
4 Requinte, auge, grau mais elevado. Pl: quinta-essências. Var: quintessência.
[5] Os Espíritos revestidos do perispírito são o objeto desta referência. Sem o perispírito, nada tem de material, como podemos ver na resposta à questão 79 do O LIVRO DOS ESPÍRITOS, obra codificada por Allan Kardec. Nota de J. Herculano Pires.
(6) Podemos definir que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Eles povoam o Universo, além do mundo material. (LE 76)
(7) Todo este trecho se refere ao espírito puro, alma, princípio inteligente fazendo abstração do perispírito, segundo J. Herculano Pires é necessário atentar para essas variações (2), a fim de não confundirmos as explicações.
(8) Kardec in nota a resposta dada pelos Espíritos à resposta 662, diz que: Possuímos, em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade um poder de ação que se estende além dos limites da nossa esfera corporal.
(9) O pensamento é um dos atributos do Espírito; a possibilidade de agir sobre a matéria, de impressionar nossos sentidos e, por conseguinte, transmitir seu pensamento, resulta, se podemos nos exprimir assim, da sua constituição fisiológica: portanto, não há nesse fato nada de sobrenatural, nada de maravilhoso. (Allan Kardec in O Livro dos Médiuns, PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULO II - O MARAVILHOSO E O SOBRENATURAL)
Allan Kardec in nota à resposta dada pelos Espíritos à questão 71 de O Livro dos Espíritos observa que: A inteligência é uma faculdade especial, própria de certas classes de seres orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de agir, a consciência de sua existência e de sua individualidade, assim como os meios de estabelecer intercâmbio com o mundo exterior e de prover às suas necessidades.
(10) Sobre as sensações e percepções do espírito Kardec in Revista Espírita - janeiro 1866 (A JOVEM CATALÉPTICA DE SOUABE), diz que: Da visão à distância, que resulta no transporte da alma ao lugar que ela descreve; da lucidez sonambúlica, etc.
(11) ...para o Espírito, a matéria não oferece obstáculos, pois ele a atravessa livremente. (LE 429)
(12) Para responder, ao mesmo tempo, às perguntas que lhe são dirigidas, o Espírito se divide ou tem o dom da ubiqüidade? R - O Sol é um só e, no entanto, irradia ao seu derredor, levando longe seus raios,sem se dividir. Do mesmo modo, os Espíritos. O pensamento do Espírito é como uma centelha que projeta longe a sua claridade e pode ser vista de todos os pontos do horizonte. Quanto mais puro é o Espírito tanto mais o seu pensamento se irradia e se estende, como a luz. Os Espíritos inferiores são muito materiais; não podem responder senão a uma única pessoa de cada vez, nem vir a um lugar, se são chamados em outro.
Um Espírito superior, chamado ao mesmo tempo em pontos diferentes, responderá a ambas as evocações, se forem ambas sérias e fervorosas. No caso contrário, dá preferência à mais séria. (O LIVRO DOS MÉDIUNS 62ª. ed. Allan Kardec (GUIA DOS MÉDIUNS E DOS EVOCADORES) (Paris - 1861), 2ª parte, item 282, questão 30)
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